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A história de Theodorico Bezerra, por Cesar Filho

Major Theodorico Bezerra

Theodorico Bezerra – Nasceu em Sta Cruz em 23 de agosto de 1903 e falecido em 5 de setembro de 1994, aos 91 anos de idade. Filho de José Pedro Bezerra e de Ana Bezerra de Sousa. Era sobrinho do coronel Ezequiel Bezerra.

Foi deputado federal por quatro legislaturas e deputado estadual de 1946 a 1951, vice governador de 31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966. Pertenceu ao PSD (Partido Social Democrático uma verdadeira máquina de se ganhar eleição em sua fase áurea) do qual foi presidente por cerca de 16 anos, e, tempos depois ingressou na ARENA. Seu legado familiar permanece ainda hoje na política do Rio Grande do Norte, em figuras como as de seu filho Kleber Bezerra, que foi deputado estadual seus sobrinhos Fernando Bezerra (ex-senador) e Iberê Ferreira (ex-deputado, vice-governador e governador), ou de seus netos Teodorico Neto e Jorge Eduardo de Carvalho Bezerra, os dois prefeitos de Tangará.

Tinha orgulho de ter “fundado” o que ele chamava de “escola de fazer política” no Estado, o famoso Grande Hotel, e era lá, onde o professor Theodorico Bezerra formado na universidade da vida transmitia aos jovens políticos as malicias e manobras da “ciência” das velhas raposas. O seu restaurante foi palco de grandes decisões da vida publica do RN.

Um caso emblemático no final dos anos 50:

Em 1960, pretendia apoiar o candidato de Dinarte Mariz, (Djalma Marinho), para o governo do Estado, mas, atendendo a um apelo de Juscelino passou a apoiar Aluízio Alves. (uma pequena parcela do Partido ficou liderada por Mota Neto). Dizem que o emissário de (JK) teria sido o cearense Armando Falcão.

Tudo conquistou com muito trabalho, suor e sagacidade. Ainda jovem, na capital, comprou e vendeu de tudo. Foi mascate, comerciante ambulante, padeiro e comprador de couro de animais, atividade com que mais se identificou. Serviu ao Exército, entre 1923 a 1924, saindo como cabo graduado.

Na política estadual como na vida privada, nunca perdeu a oportunidade de ocupar espaços. O majó possuía Inteligência privilegiada e uma visão intuitiva. Sua fazenda “Irapuru”, distante 15 km de Tangará, com 14 mil hectares, a maior das quatro fazendas na região do Trairi, era o seu templo sagrado. Por lá passaram visitantes ilustres e de expressão na política estadual e nacional. Juscelino Kubistchek de Oliveira foi um deles, quando candidato a Presidência da República, tornar-se-ia seu amigo particular tempos depois. Em tempos áureos do algodão, chegou a empregar 4 mil funcionários.

Além de plantar algodão chegou a possuir três fábricas de óleo, uma refinaria de óleo e duas usinas de beneficiamento de algodão. Ficou conhecido ainda como

hoteleiro. Comprou vários hotéis, como o Internacional, o Avenida, o Palace Hotel e o Hotel dos Leões no bairro da Ribeira. Arrendou também entre 1939 e 1987, o Grande Hotel, que depois se transformou no Fórum Estadual. Foi dono também da Rádio Trairi e do Jornal do Comércio de Natal. Em 1978, foi tema do documentário “Theodorico, o Imperador do Sertão”, dirigido por Eduardo Coutinho e apresentado no programa Globo Repórter, da TV Globo.

O velho majó nunca se aposentou, sempre dizia aos mais próximos: “quero morrer trabalhando e não deitado numa cama” De preferência ouvindo o canto dos passarinhos em Irapuru que ele nunca permitia que matassem, – faziam parte – de suas regras, aliás, 12 delas, (duas a mais que as de Moisés do Velho Testamento) e de pleno conhecimento de familiares, agregados e empregados aos quais periodicamente distribuía favores. Em vez de pagar-lhes.salário pelo trabalho na lavoura. estabeleceu regras para a permanência dos seus funcionários. O lugar era uma espécie de “centro administrativo” das atividades na zona rural. Quem desejasse ficar tinha de seguir várias orientações; como não usar arma, não jogar baralho e matricular os filhos na escola local.

Criou uma Banda de Música Feminina com as filhas dos moradores e que animavam seus palanques eleitorais e as festas cívicas, onde promovia os desfiles na fazenda. Gostava de festas e os alpendres da casa grande nunca faltava gente, música, dança e muita bebida. “Aqui não gosto de ver copo vazio” – dizia que adorava ver os amigos de porre. Espirituoso, suas frases ficaram na história do folclore político do Rio Grande do Norte e na memória popular com repercussão nacional, por exemplo:

Política é feita de tudo que é bom: música, foguetão, dança e mulher”.

“A luz que vai na frente é a que clareia mais”.

No mercado do lugar ainda se observa na parede uma série de orientações, entre elas, não falar da vida alheia. “O morador que não cumprir fielmente este regulamento, será tomado o roçado e terá o prazo de 24 horas para desocupar a casa e ir embora desta propriedade”, diz o documento em que constam as regras do lugar.

Eis outras de suas regras:

Ninguém pode criar os filhos sem escola;

é proibido caçar e pescar;

é proibido matar passarinhos;

é proibido andar armado;

é proibido fazer quarto a defunto;

“aqui não quero ver ninguém parado, até na hora de morrer tem que estribuchar como preá”…

O Velho majó Theodorico fez história.

Por César Filho

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