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Morre Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército no governo Sarney

Leonidas Pires Gonçalves, em 1982. - Arquivo O Globo / 06/09/1982
Leonidas Pires Gonçalves, em 1982. – Arquivo O Globo / 06/09/1982

Personagem importante dos chamados “anos de chumbo” e um dos fiadores da passagem do regime militar para a democracia, morreu nesta quinta-feira aos 94 anos, no Rio, o general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército durante o governo de José Sarney (1985-1990).

No auge das denúncias de prisões políticas e tortura nos quartéis do Exército, de 1974 a 1977, o general Leônidas foi Chefe do Estado-Maior do I Exército. Na redemocratização apoiou a eleição de Tancredo Neves contra o candidato dos militares. Com sua internação, já escolhido ministro do Exército, foi determinante para garantir a posse de José Sarney, impedindo a volta do poder para os militares.

Num episódio conhecido, ocorrido na madrugada do dia 15 de março de 1985, o general encerrou uma polêmica que se estendera desde a noite da véspera sobre quem tomaria posse no lugar de Tancredo Neves, internado às pressas. Sarney não queria assumir e , num telefonema, de madrugada, lhe disse que o vice-presidente eleito tinha obrigação constitucional de assumir. Encerrou a ligação dizendo a Sarney: “Boa noite, presidente”.

– O Sarney me disse que estava muito constrangido de assumir sem o Tancredo. Eu lhe disse que tinha dado muito trabalho organizar tudo, seu argumento não vale. Encerrei dizendo: boa noite, presidente. Ali, ele se deu conta que era o presidente da República – contou o general Leônidas em entrevista histórica concedida ao programa “Conexão GloboNews”, do jornalista Geneton de Morais Neto, para comemorar os 25 anos do fim do regime militar.

Natural de Cruz Alta (RS), Leônidas formou-se na Escola Militar do Realengo, em 1942. Sua primeira Unidade foi o 6° GMAC (Grupo Móvel de Artilharia de Costa), na cidade de Rio Grande-RS, onde integrou o contingente de cerca de 2 mil homens que guarneceu o litoral sul do Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante a ditadura militar, nos anos de 1974 a 1977 e já no posto de general, Leônidas foi Chefe do Estado-Maior do I Exército, no Rio, e, posteriormente, Comandante Militar da Amazônia. Em 1983, exerceu o Comando do III Exército, em Porto Alegre. Em 1985, com sua eleição, Tancredo Neves nomeou o Leônidas para o cargo de ministro do Exército.

Em dezembro de 2014, no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o nome de Leônidas aparece como um dos responsabilizados por violações dos direitos humanos. Na entrevista a GloboNews, o general disse que, naquela época, se travou uma guerra, com tortura e morte dos dois lados. Mas que hoje os governantes que estão no poder devem “agradecer de joelhos” o que foi feito na “revolução de 1964”.

– Se a História chegar à verdade, vai chegar à seguinte conclusão: o regime militar salvou o Brasil de se transformar numa República sindicalista comunista criminosa e assassina, para desaguar, depois de muita luta, na democracia que temos agora – disse o general.

Na entrevista ele disse que “a miserável condição humana” pode ter levado à tortura, mas nunca sob suas ordens. Disse que a guerra não tem nada de bonito e que houve um toma lá dá cá, com morte dos dois lados.

– Quem começa uma guerra não pode lamentar a morte. Não começamos guerra nenhuma. Vamos acabar com essa história de tortura de um lado só – disse ele.

O velório de Leônidas será realizado no sábado, no Palácio Duque de Caxias, das 8h30m às 11h30m. O corpo será cremado a partir das 13h, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju. O general deixou esposa, 2 filhos, 4 netos e 7 bisnetos.

 

Dr. DINNA Oliveira
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