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Uruguai quer acelerar parceria comercial com China e Mercosul

Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e presidente da China, Xi Jinping, em Pequim
22/11/2023
REUTERS/Florence Lo/Pool
© REUTERS/Florence Lo/Pool

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse ao primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que quer acelerar a construção de “uma parceria de livre comércio entre o Uruguai, o Mercosul e a China”. Foi durante reunião em Pequim nesta quinta-feira (23), informou a mídia estatal chinesa.

Segunda maior economia do mundo, a China é o maior mercado de exportação do Uruguai e recebeu 27% das remessas do país em 2022, de acordo com dados do Comtrade (arquivo de estatísticas oficiais de comércio internacional), da Organização das Nações Unidas (ONU).

No entanto, o Uruguai está impedido de assinar um acordo de livre comércio com Pequim devido à sua participação no bloco comercial Mercosul ao lado da Argentina, do Brasil e Paraguai, que expressou preferência por um acordo de livre comércio com a União Europeia.

Lacalle Pou propôs, pela primeira vez, um acordo de livre comércio com a China em 2021, para garantir oportunidades semelhantes aos exportadores do Uruguai como as desfrutadas pelo Chile, a Costa Rica, o Equador e Peru, mas enfrenta oposição dos outros membros do Mercosul, que querem estabelecer um acordo com a Europa.

“O Uruguai está firmemente comprometido com relações estreitas com a China e com a participação ativa na Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês)”, disse Lacalle Pou, de acordo com leitura da reunião na mídia estatal chinesa, “e está disposto a acelerar o estabelecimento de um acordo de livre comércio entre o Uruguai, Mercosul e a China.”

Nessa quarta-feira, a China e o Uruguai ampliaram seus laços bilaterais para uma “parceria estratégica abrangente”, elevando os laços de Montevidéu com Pequim ao mesmo nível da Argentina e do Brasil.

A elevação dos laços pressiona o Paraguai, cujas principais exportações incluem carne bovina e soja, e que não tem laços com Pequim. O Paraguai é o único país sul-americano a manter laços com Taiwan, que a China considera parte de seu território.

Li disse que a China e o Uruguai deveriam “aproveitar a assinatura dos documentos de cooperação da BRI como oportunidade para promover o aumento contínuo no comércio bilateral”.

Em novembro passado, Argentina, Brasil e Paraguai alertaram o Uruguai que poderiam tomar “medidas” contra o país se ele avançasse com os planos de negociar unilateralmente um acordo com a China.

O Uruguai também solicitou adesão a importante pacto de livre comércio transpacífico, ao qual a China também aspira aderir, mas tanto Montevidéu quanto Pequim ainda precisam superar obstáculos políticos significativos antes de poder aderir ao acordo.

Atualmente, a carne bovina uruguaia, que representou 67% das exportações do país sul-americano para a China em 2022, segundo dados do Comtrade, está sujeita à tarifa de 12%.

Em comparação, outros grandes exportadores de carne bovina, como Austrália e Nova Zelândia, que têm acordos de livre comércio livre com a China, pagam tarifas de 3,3% e 0%.

De acordo com a Tarifa Externa Comum do Mercosul, os exportadores chineses devem pagar tarifas de 9%, caso desejem exportar para o Uruguai.

O Uruguai esteve perto de assinar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos em 2006. Seu governo, no entanto, acabou por rejeitar o acordo devido aos receios de expulsão do Mercosul, caso o fizesse.

De acordo com estudo do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai em 2021, se a China assinar um acordo com o Uruguai, a indústria da carne poderá implementar tarifa preferencial de 0%, o que reduzirá as tarifas em US$ 150 milhões.

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Agência Brasil

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