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Os palestinos fogem do norte de Gaza em direção ao sul, em meio ao conflito em curso entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas
09/11/2023
REUTERS/Mohammed Salem
© MOHAMMED SALEM

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira (23) que existe um alto risco de o vírus da poliomielite se espalhar pela Faixa de Gaza e para além das suas fronteiras, devido à terrível situação sanitária no enclave palestino devastado pela guerra.

Ayadil Saparbekov, chefe da equipe de emergências sanitárias da OMS em Gaza e na Cisjordânia, afirmou que o poliovírus tipo 2, derivado da vacina, foi isolado de amostras ambientais de águas residuais em Gaza.

“Existe um risco elevado de propagação do vírus da poliomielite derivado da vacina circulante em Gaza, não só devido à detecção, mas também devido à situação precária muito grave do saneamento das águas”, afirmou aos jornalistas em Genebra, em ligação de vídeo a partir de Jerusalém.

“Também pode alastrar-se internacionalmente”, emendou.

Segundo Saparbekov, trabalhadores da OMS e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) devem chegar a Gaza na quinta-feira (25) para coletar amostras de fezes humanas como parte de uma avaliação de risco relacionada à descoberta do vírus. A poliomielite, que se propaga principalmente por via fecal-oral, é uma doença altamente infecciosa. O vírus pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia. Afeta principalmente crianças com menos de cinco anos.

A avaliação, que deve ser concluída até ao final da semana, permitirá às autoridades sanitárias emitir recomendações, “incluindo a necessidade de uma campanha de vacinação em massa, bem como o tipo de vacina a utilizar e a faixa etária da população que terá de ser vacinada”.

O exército de Israel informou no domingo que iria começar a oferecer a vacina contra a poliomielite aos soldados que servem na Faixa de Gaza depois de terem sido encontrados vestígios do vírus contagioso em amostras de testes em áreas do enclave costeiro.

Os militares afirmaram ainda que, com a cooperação de grupos internacionais, tinham sido trazidas vacinas suficientes para imunizar mais de um milhão de pessoas em Gaza, que tem uma população total de cerca de 2,3 milhões.

Sem serviços de saúde adequados, a população de Gaza é particularmente vulnerável a surtos de doenças, afirmam os funcionários da saúde pública e os grupos de ajuda humanitária.

“Estou extremamente preocupado com a ocorrência de um surto em Gaza e não se trata apenas de poliomielite, mas de diferentes surtos de doenças transmissíveis”, sublinhou Saparbekov.

O chefe da equipa de emergências sanitárias da OMS em Gaza e na Cisjordânia afirmou ainda que “cerca de 14 mil pessoas podem” precisar sair de Gaza.

O balanço mais recente do Ministério da Saúde de Gaza, divulgado hoje, contabiliza 39.090 mortos no território palestino desde o início da guerra com Israel, há mais de nove meses.

Cerca de 84 palestinos foram mortos e 329 feridos nas últimas 24 horas, informou o comunicado, acrescentando que 90.147 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro.

*É proibida a reprodução deste conteúdo

Agência Brasil

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