O diretor da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou nesta terça-feira (22) que se tornou impossível encontrar comida, água ou cuidados médicos no norte da Faixa de Gaza e exigiu uma trégua imediata da ofensiva israelense.
“No norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera da morte”, disse Philippe Lazzarini, em comunicado publicado na rede social X.
As pessoas “sentem-se abandonadas, desesperadas e sozinhas” e “vivem com medo da morte a cada segundo”, acrescentou, lembrando que “o número de mortos continua a aumentar” após “quase três semanas de bombardeios contínuos por parte das forças israelenses”.
Segundo o representante da agência, “o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros”, mas “as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária”.
Por isso, afirmou Lazzarini, é fundamental fazer “uma trégua imediata, nem que seja por algumas horas”, para permitir “a passagem das famílias que queiram sair da área e chegar a locais mais seguros”.
Isso “é o mínimo para salvar a vida de civis que nada têm a ver com esse conflito”, concluiu.
O Exército israelense lançou uma ofensiva contra Gaza após os ataques feitos pelo grupo islâmico em 7 de outubro de 2023, que fizeram cerca de 1.200 mortos e quase 250 reféns.
Os ataques israelenses já fizeram mais de 42 mil mortos entre os palestinos, aos quais se somam mais de 750 mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental feitos pelas forças de segurança israelenses e por ataques de colonos.
O Ministério da Saúde de Gaza também afirmou hoje que o sistema de saúde na região está à beira “da catástrofe”.
“O Hospital Kamal Adwan está em situação mais que catastrófica, já que a porta foi bombardeada. Bombas foram lançadas contra as ambulâncias do hospital, mas não explodiram. Os andares superiores da unidade estão sendo atacados, a unidade ruiu completamente e por isso ninguém pode entrar ou sair”, afirmou o ministério em comunicado.
Além disso, a maior parte do material médico do hospital, como as unidades de sangue, já não está disponível e o pessoal de saúde e os doentes estão “em situação de extremo perigo”.
“As forças israelenses estão disparando contra nós de todas as direções. As pessoas estão aterrorizadas. Mas não vamos abandonar o Hospital Kamal Adwan nem deixar os feridos e os doentes sozinhos”, disse o diretor Hossam Abu Safieh, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
O diretor do hospital indonésio Marwan Sultan, localizado no norte de Gaza, alertou para a possibilidade de mais doentes morrerem após o cerco israelense imposto à unidade.
Nessa segunda-feira, a Casa Branca avisou Israel que precisa fazer “muito mais” para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
“Vimos alguns progressos em algumas coisas, mas ninguém no governo dos Estados Unidos dirá que estamos satisfeitos ou que consideramos satisfatória a situação humanitária em qualquer parte de Gaza”, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, em entrevista.
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Agência Brasil