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O Brasil decidirá, em menos de um ano, qual será nome do novo presidente da República. A eleição de 2018 para o Palácio do Planalto promete ser uma das mais acirradas e polarizadas da história do país. Desde a crise política que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o assunto tem tomado conta do debate público, fazendo com que possíveis candidaturas despontassem de forma precoce.

Na semana passada, o Ibope, um dos principais institutos de pesquisa do país, divulgou sua primeira pesquisa de intenção de voto para 2018. O cenário mostra uma liderança, com certa vantagem, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista teria 35% das intenções de voto contra 13% do segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Capitão da reserva do Exército, o político conservador nunca disputou um cargo ao executivo, mas tem demonstrado ter fôlego para a disputa presidencial. Atrás de Lula e Bolsonaro, estão a ex-senadora Marina Silva (Rede), com 8%, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o apresentador de televisão Luciano Huck (sem partido), com 5%, e o prefeito paulistano, João Doria, com 4%. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem 3% das intenções de voto.

O cenário, porém, é visto com ressalvas por analistas. O cientista político Rócio Barreto acredita que o ex-presidente Lula não poderá se candidatar, sendo barrado pela Lei da Ficha Limpa. Neste ano, o petista foi condenado por corrupção pelo juiz Sergio Moro e pode ser barrado caso a pena seja confirmada em segunda instância. “O Lula possivelmente vai ser condenado em segunda instância e possivelmente não poderá ser candidato. Ainda é muito cedo para a gente avaliar cenários com perspectivas que possam realmente acontecer”, afirma o analista.

Por conta desta situação, o cenário sem o ex-presidente no páreo também foi especulado pelo Ibope. Nesta hipótese a dianteira seria dividia entre Bolsonaro e Marina Silva, ambos com 15%. Mas o nome do militar da reserva volta a chamar atenção, pois Marina Silva conta com um recall de duas eleições presidenciais e, portanto, é mais conhecida pela população.

Para Barreto, o crescimento do deputado “se deve ao fato dele expor na mídia um discurso agressivo.” Que segundo o cientista político tem ganhado força também em outros países. “É um movimento que tem ocorrido no mundo todo. A gente viu a eleição do Trump, nos Estados Unidos, quando ele conseguiu ser eleito com um discurso um tanto quanto agressivo”.

A força de Bolsonaro ficou mais evidente em outra pesquisa eleitoral também divulgada nesta semana. Segundo o Instituto DataPoder360, a disputa pelo Palácio do Planalto está empatada tecnicamente entre Lula e o deputado conservador. Lula pontua de 28% a 32%. Bolsonaro registra de 20% a 25%, dependendo do cenário.

Para o escritor e cientista político Bruno Garschagen, caso os dados da pesquisa DataPoder360 estiverem corretos “Bolsonaro terá conseguido em um período muito curto, de alguns meses, uma enorme conquista de potenciais eleitores”. Assim como Barreto, Garschagen ressalta que o quadro avaliado ainda é prematuro. “Eu acho que a gente só vai ter um dado mais robusto, mais fiel, a partir das pesquisas que forem realizadas em março e abril”, frisou.

Mesmo fazendo ressalvas por conta do longo período até a eleição, Bruno Garschagen acredita que atual polarização ideológica entre esquerda e direita, representada na disputa entre Lula e Bolsonaro será mantida. “Eu acho que há uma tendência de que, no plano político, essa polarização se confirme. Ou seja, você tem um candidato da esquerda que pode ser o Lula (PT), a Marina (REDE), o Alckmin (PSDB). Do outro lado, o único candidato que se pode qualificar como certa direita é o Bolsonaro”, enfatiza.

O cientista político afirma que caso isso ocorra, será a primeira vez desde 1989 que o Brasil terá um candidato com viabilidade política, ligado ao campo ideológico da direita, com chances de vestir a faixa presidencial. “É um elemento interessante. Mostra que a dominação na política formal da esquerda sofreu um duro golpe e caso o Bolsonaro se confirme como um candidato viável, conseguindo ir para o seguindo turno, o dado estará claro. Haverá, de fato, um candidato representado à esquerda e um candidato representando à direita”.

De fora do mundo político, o apresentador de televisão, Luciano Huck ganhou espaço tanto na pesquisa Ibope quanto na do Instituto DataPoder360. Nos últimos meses têm sido levantadas muitas especulações em torno do apresentador que, supostamente, teria a ambição de se candidatar ao Planalto.

Conhecido nacionalmente, influente com empresários e de fora da política, Luciano Huck parece para muitos o nome ideal para uma candidatura em tempos de Lava-Jato.

De acordo com o Ibope, o apresentador já teria o apoio certo de 5% do eleitorado, posicionando-se na quinta colocação, empatado com Geraldo Alckmin (5%), e atrás de Marina Silva (8%), Jair Bolsonaro (13%) e Lula (35%).

De acordo com Rócio Barreto, mesmo conhecido em todo o país, “Huck ainda não tem credenciais para ser candidato a presidência, mas caso fosse bem trabalhado poderia ter condições”.

Segundo o DataPoder360, hoje, Luciano Huck teria um potencial de voto de 40%, mas é superado por Jair Bolsonaro, que tem um potencial de voto de 49% do eleitorado. O apresentador de televisão tem uma taxa de rejeição de 43%.

Além de Huck, outro nome que vem sendo sondado para o Planalto é o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Mesmo estando na política, Meirelles nuca concorreu a um cargo eletivo e é visto com bons olhos pelo mercado. Mas para Rócio Barreto, o ministro não tem a popularidade suficiente para uma candidatura. ”Não tem expressão política e nem condições de ganhar um carisma suficiente para ser eleito neste momento”, destaca.

A pesquisa DataPoder360 corrobora a analise de Barreto. De acordo com o instituto, o ministro congrega apenas 17% de potencial de voto e conta com uma rejeição de 64%. Tanto Luciano Huck como Henrique Meirelles negam que irão se candidatar no próximo ano.

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