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O surto de Doença de Chagas no município de Acará, no Pará, chamou a atenção da população local. Foram 20 casos em menos de um mês. E, de acordo com as investigações, as pessoas ficaram doentes depois de comer “açaí contaminado com as fezes do mosquito transmissor da doença”: o Trypanosoma cruzi – popularmente conhecido como barbeiro ou bicudo. Mas o problema não está no açaí, como explica representante do Grupo Técnico de Doença de Chagas do Ministério da Saúde, Mayara Maia.

“A primeira coisa a ser pontuada é que não necessariamente a transmissão oral está vinculada ao açaí em si, mas sim à questão da manipulação dos alimentos. Já ocorreram surtos por transmissão com alimentos contaminados, sendo cana de açúcar, tem a bacaba também…. Então, está mais relacionado à questão da manipulação do alimento – desde a coleta até o processamento. Tem que ter todo o controle na hora de coletar, de fazer a limpeza adequada, de fazer a higienização”.

Para evitar a contaminação oral da doença de chagas é preciso prestar atenção a todos os alimentos consumidos dentro e fora de casa. Algumas formas simples de prevenção: lavar bem os alimentos crus, cozinhar carnes – evitando consumir o sangue dos animais – e ferver o leite antes do consumo. No entanto, mesmo tomando cuidado, a infecção ainda pode ocorrer. Na contaminação oral – como é o caso das comidas – os sintomas começam a aparecer de 7 a 22 dias após a infecção. Segundo a analista técnica Mayara Maia, a busca por atendimento logo no início dos sinais pode evitar complicações mais graves.

“Muitos casos podem ser assintomáticos, outros a depender da forma de transmissão – Principalmente na transmissão oral – pode ocorrer hemorragias digestiva, algumas complicações cardíacas como miocardite. Mas, em geral, é febre intermitente por cerca de 12 semanas. O tratamento, quanto mais cedo ele for instituído, a chance de cura é maior”.

A Doença de Chagas também pode ser transmitida por transfusão de sangue, transplante de órgãos, por acidentes laboratoriais, ou da mãe para o bebê durante a gestação. Em 2017, foram confirmados 365 casos da Doença de Chagas. Neste ano, 201 casos agudos já foram notificados em todo o país. Em ambos anos, o estado do Pará teve o maior número de vítimas.

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