Nas primeiras semanas do ano, muitos municípios registraram aumento no número de casos de dengue. No Distrito Federal, por exemplo, levantamento da Secretaria de Saúde revela que, até a primeira semana de fevereiro, foram 4.622 casos prováveis de dengue, contra 1.234 no mesmo período de 2021. São Paulo, Goiás e Piauí também registraram aumento.
Segundo a professora de Farmacognosia da Universidade de Brasília (UnB), Laila Espíndola, os mosquitos estão mais resistentes aos atuais inseticidas usados nas técnicas convencionais de controle do Aedes Aegypti – bomba costal para aplicação direta na água e carros fumacê para aspersão no meio ambiente. Em resposta a isso, o grupo de pesquisa ArboControl da UnB, desenvolveu um inseticida a partir de compostos naturais.
Na fase de laboratório, o inseticida teve um excelente desempenho, conseguiu eliminar todos os mosquitos. “Fizemos os testes em um tipo do Aedes Aegypti chamado Rockefeller, um mosquito que não teve contato com inseticidas”, conta a pesquisadora. A atual fase da pesquisa verifica se a eficácia encontrada no ambiente controlado será repetida em condições externas.
Os testes associam estratégias de captura de mosquitos em diferentes períodos: antes e depois da aplicação do novo inseticida. As armadilhas são caixas escuras com um composto natural e água ao fundo que atraem os mosquitos. Ao entrar nesse espaço, o mosquito fica preso num papel aderente. O grupo de pesquisa faz a tipificação e a contagem dos mosquitos.
Após a aplicação do inseticida natural, será feita nova contagem dos mosquitos. “Há grande interesse na descoberta desses novos compostos, uma vez que esse é um grande problema de saúde pública no Brasil”, diz a pesquisadora. Caso a eficácia observada em laboratório seja confirmada, o inseticida será fabricado em escala industrial. A pesquisa ArboControl existe há seis anos na UnB e desenvolve tecnologia de controle da dengue, zika e chikungunya, as chamadas arboviroses. A pesquisa recebe financiamento do Ministério da Saúde.