Luiz Gonzaga tem razão quando fala na música “Último Pau de Arara”, que já foi regravada por vários artistas, incluindo Fagner. “A vida aqui só é ruim quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo, fartura tem de montão tomara que chova logo tomara, meu Deus, tomara”. E quando se trata da sétima arte não é diferente. Por mais que estejamos fora do eixo, onde o Sudeste ainda retém a maior fatia de produções cinematográficas brasileiras, nós estamos aqui, do lado de cá, no interior do Rio Grande do Norte, fazendo história e deixando nossa marca, e nos últimos anos o mercado audiovisual potiguar, em especial o Seridó, tem dado saltos consideráveis.
Nesta sexta-feira (13), no auditório Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo localizado na 10° DIREC – Diretoria Regional da Educação da Cultura do Esporte e do Lazer em Caicó-RN, houve o lançamento das Oficinas de cinema que serão realizadas dentro da programação oficial do 5º Curta Caicó.
As oficinas “Documentando” serão realizadas em três escolas públicas na cidade de Caicó, na região do Seridó potiguar. As contempladas são a Escola Estadual Zuza Januário, a Escola Estadual Padre Edmund Kagerer e a Escola Estadual Professora Calpúrnia Caldas de Amorim.
As escolas irão receber oficinas de audiovisual que resultarão na produção de um curta-metragem por escola. Além dos alunos, que serão 60 no total, professores também poderão participar das oficinas, como forma de se tornarem multiplicadores da linguagem audiovisual nas escolas, fazendo a convergência entre educação e cultura. Cinema é Educação!
Dando um ponta-a-pé inicial a abertura do evento de lançamento das oficinas do Curta Caicó, a professora e poetisa, Iaponira Costa, recitou um poema próprio em homenagem ao Curta Caicó, Referência e à presença de um dos grandes nomes da dramaturgia potiguar, Titina Medeiros, a qual se emocionou.
A mesa ainda foi composta pela atual diretora da 10° DIRED, Suenyra Nóbrega; Raildon Lucena, diretor e idealizador do Curta Caicó; Diego Vale, sócio-diretor da agência Referência Comunicação. Representando a Fundação José Augusto, o coordenador de audiovisual Arthur Henrique Medeiros; Fernando Mineiro, que fez toda a articulação entre o governo e o Curta Caicó. Representando os gestores escolares estavam presentes Gilmar Donizete Ferreira, diretor da Escola Estadual Padre Edmund Kagerer e representando os estudantes, a aluna do Zuza Januário, Jesiane da Silva.
A saída desses tempos sombrios foi o audiovisual e as oficinas “Documentando” vem como forma de articulação entre cultura e educação, fazendo com que novos artistas mostrem todo o Seu potencial, apostando em talentos norte-rio-grandense.
Com toda empolgação de alguém que teve a vida mudada pela arte, Titina Medeiros aconselha aos jovens que estavam presentes no lançamento: “Sejam vocês os protagonistas de suas vidas, O audiovisual conta histórias, é uma forma de ter voz no mundo”.
Fazer projetos como esta iniciativa das oficinas não é fácil como conta o idealizador do Curta Caicó, Raildon Lucena: “Tentamos realizar esse projeto através de editais como o da Cosern, mas ficamos na suplência e não conseguiríamos realizar se não fosse com a articulação de Fernando Mineiro, o apoio do Governo do Estado e a Fundação José Augusto. Fico grato ao meu sócio Diego Vale, sabemos que o começo foi duro, foi na raça, mas continuamos e estamos trazendo com as oficinas e com o Festival Curta Caicó esperança e oportunidade para os jovens e a população do interior do Seridó de conhecer a sétima arte”.
As oficinas “Documentando” serão ministradas pelo professor Marlon Meirelles, que é cineasta e possui larga experiência na didática do ensino audiovisual e que já ministrou oficinas em vários estados. A ideia é que ao final, os alunos de cada escola produzam três filmes, desde a ideia do roteiro até a pós-produção que serão exibidos em agosto no Curta Caicó, e que também entrarão em circuito nas Casas de Cultura do RN.
Apesar da seca, da falta de investimentos para as produções audiovisuais para os lados de cá da história, sabemos que a vida aqui só é ruim quando não chove no chão, mas se chove. E se não chover, a gente inventa e faz acontecer. E faço palavras do idealizador do evento, Raildon Lucena: “Cinema é energia, força, coragem de contar histórias. Caicó, Seridó vai se tornar a terra do cinema”.