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Preocupado com El Niño, Rio anuncia plano de alerta para o verão 2023/24 Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio
© Marcelo Piu/Prefeitura do Rio

A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, nesta quinta-feira (16), detalhes no Plano Verão 2023/24, que reúne uma série de medidas para evitar e/ou minimizar efeitos de temporais. Uma das principais preocupações das autoridades municipais é a combinação entre mudanças climáticas e as consequências do fenômeno climático El Niño – aquecimento anormal das águas da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.

“A gente pode ter extremo de chuva ou extremo de calor na Região Sudeste. É para isso que a cidade do Rio está se preparando, para os extremos”, disse o chefe executivo do Centro de Operações Rio (COR), Marcus Belchior.

O COR é uma ampla sala de controle que monitora o funcionamento da cidade e oferece respostas operacionais para diversas situações, articulando órgãos públicos e privados.

A prefeitura apresentou um levantamento que mostra que a frequência e intensidade de eventos críticos vêm se agravando nas últimas décadas. Apesar de o verão começar em dezembro e terminar em março, o plano municipal de alerta engloba ações que vão de novembro até abril de 2024.

De acordo com a prefeitura, desde 2021 foram investidos R$ 2,1 bilhões em tecnologia, prevenção e resposta a danos causados por tempestades.

Uma novidade em relação a anos anteriores é que os alto-falantes instalados em 103 comunidades – que acionam sirenes quando há situação de risco – também reproduzirão avisos por meio de mensagens gravadas, para melhor orientar os moradores. O prefeito Eduardo Paes fez um apelo para que as pessoas respeitem os alertas sonoros.

“Quando aquela sirene toca, ela serve para alertar a população, não vem de um achismo, são dados objetivos, índices pluviométricos, características daquele solo, daquela área, tempo de chuva… Nós precisamos e queremos salvar vidas da cidade”, disse Paes.

“Quando aquela sirene toca, ela serve para alertar a população, não vem de um achismo, são dados objetivos, índices pluviométricos, características daquele solo, daquela área, tempo de chuva… Nós precisamos e queremos salvar vidas da cidade”, disse Paes.

A Defesa Civil treinou quase 800 agentes comunitários nas áreas de risco e fez testes simulados em 85% das comunidades com sirenes.

No conjunto de itens de tecnologia que estarão à disposição da prefeitura para lidar com os eventos extremos figura um radar meteorológico que começará a funcionar em dezembro. Será o segundo da cidade. Uma vantagem é que o novo equipamento não é afetado por áreas de sombra, ou seja, partes que não consegue monitorar.

“O primeiro radar só tem a visão horizontal, não tem a vertical. Com a implantação desse novo radar, a gente consegue ter uma previsão mais no detalhe. Eu tenho capacidade de ver o granizo, tamanho e intensidade da nuvem. Em complementação ao software de [monitoramento de] raios, nos dá mais assertividade na previsão. É uma evolução tecnológica”, explicou o chefe do COR.

Fazem parte do pacote de reforços tecnológicos 3,5 mil câmeras de monitoramento, contra 2 mil no ano passado. A prefeitura tem ainda uma parceria com a Agência Espacial Americana (Nasa) para modelos de análise de risco de deslizamentos e para previsão de enchentes em curtíssimo prazo.

Participaram da elaboração do plano 30 órgãos municipais. A prefeitura informou ter alcançado em 2023 um recorde de desassoreamento de rios da cidade. Foram retiradas 555 mil toneladas de material dos rios, 10% a mais que no ano passado.

“O número de podas por ano quase que dobrou, passamos de 78 mil para 150 mil. Esse serviço é importante porque, nos dias de fortes chuvas, muitas árvores caem, derrubam postes, fecham o trânsito, dando um trabalho muito grande”, afirmou o presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Flávio Lopes.

“Nenhum desses investimentos nos traz a imunidade ou a certeza de que não teremos alagamento nas cidades. Teremos alagamento, pedimos atenção das pessoas”, afirmou Paes, que pediu mais conscientização para que as pessoas não joguem lixo nas ruas e nos rios.

A partir desta quinta-feira, a prefeitura do Rio alterou a classificação dos estágios operacionais, com o objetivo simplificar o entendimento dos cariocas.

A nova gradação substitui os nomes (normalidade, mobilização, atenção, alerta e crise) por números. Sendo assim, o município passa a ter estágios de 1 até 5, em que o 1 é a cidade operando em condição normal, e o 5 é o cenário mais crítico.

“Parou com aquela história de estágio de alerta, estágio de atenção, que são coisas difíceis de entender, inclusive a diferença”, explicou Paes.

Na semana em que grande parte do Brasil, inclusive o Rio de Janeiro, tem experimentado uma onda de calor, o prefeito comentou sobre os ônibus municipais que ainda circulam sem ar refrigerado. Ele citou que a Justiça autorizou a continuidade de uma política da prefeitura que corta subsídios pagos às concessionárias responsáveis por coletivos que trafegam sem climatização.

“Muito dificilmente algumas empresas desses consórcios vão sobreviver até o fim desse verão se continuarem a desrespeitar a população. Elas vão morrer de calor e de sufoco causados pelo prefeito”, disse Paes.

A Agência Brasil procurou contato com a Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, mas não recebeu resposta até a conclusão da reportagem.

Em todo o país, a Defesa Civil oferece canais de alerta de tempestades. Para receber por SMS, é preciso enviar o CEP para o número 40199. Para receber por WhatsApp, é só enviar uma mensagem para o número (61) 2034-4611.

ESTÁGIO 1 (verde): Significa que não há qualquer alteração ou ocorrência na cidade que provoque alteração significativa na rotina do carioca. Baixo ou nenhum impacto na fluidez do trânsito e das operações da infraestrutura e logística da cidade.

ESTÁGIO 2 (amarelo): Risco de haver ocorrências de alto impacto na cidade. Há ocorrência com elevado potencial de agravamento. Ainda não há impactos na rotina da cidade, porém, os cidadãos devem se manter informados.

ESTÁGIO 3 (laranja): Uma ou mais ocorrências provocando impactos na cidade. Há certeza de que haverá ocorrência de alto impacto no curto prazo. Pelo menos uma região da cidade está impactada, causando reflexos relevantes e afetando diretamente a rotina da população ou parte dela.

ESTÁGIO 4 (vermelho): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade ou há incidência simultânea de diversos problemas de médio e alto impacto em diferentes regiões do município. As regiões impactadas geram reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana e afetam severamente a rotina da população ou parte dela.

ESTÁGIO 5 (roxo): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade. Os múltiplos danos e impactos causados extrapolam de forma relevante a capacidade de resposta imediata das equipes operacionais da prefeitura do Rio. As regiões impactadas causam reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana, e afetam severamente a rotina da população ou parte dela.

Agência Brasil

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