A Espanha criará um fundo, financiado majoritariamente pela Igreja Católica, para compensar cerca de 440.000 vítimas de décadas de abuso sexual por clérigos, funcionários e professores católicos, anunciou o ministro da Justiça nesta terça-feira.
Em outubro, um relatório do ombudsman de direitos humanos da Espanha produziu a estimativa a partir de uma pesquisa com 8.000 pessoas. Recomendou a criação de um fundo estatal, acusando a Igreja de falta de cooperação e de tentar “minimizar o fenômeno”.
O ministro da Justiça, Félix Bolaños, disse a repórteres que a Igreja, imensamente influente na sociedade espanhola até e depois do fim da ditadura de direita nos anos 1970, falhou durante décadas para atender pedidos por reparações e que suas respostas ao relatório variaram de acordo com a diocese.
“Queremos responder para prevenir, reparar e tentar saldar a dívida que nossa sociedade tem com as vítimas”, disse Bolaños.
O esquema do governo, projetado para funcionar até 2027, prevê uma fórmula ainda não definida que exigiria que a Igreja “pagasse tudo ou parte substancial da compensação e fornecesse outros elementos de reparação simbólica”.
Bolaños disse que seu ministério negociará com os bispos sobre a contribuição da Igreja ao fundo e que teve a impressão de que ela estava disposta a cooperar.
No entanto, a Conferência Episcopal Espanhola afirmou que não pode aceitar um plano que exclua vítimas de abuso sexual em outras organizações porque ele representaria um “julgamento condenatório de toda a Igreja… que envolve apenas parte do problema”.
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Agência Brasil