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Água do mar é solução para Campina Grande, diz cientista

ANDRÉIA XAVIER do Jornal da Paraíba – A água do mar pode ser utilizada para amenizar a crise hídrica registrada em Campina Grande. A afirmação é do professor e cientista, Kepler França, coordenador do Laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Mesmo a cidade estando situada a 120 quilômetros de João Pessoa e 650 metros acima do nível do mar, segundo ele, o projeto é viável e os entraves para a execução seriam apenas a falta de interesse político e o custo energético e de engenharia.

Nós estamos a 120 quilômetros de João Pessoa, mas trazer água do mar para o consumo em Campina Grande é absolutamente possível. Se nós trouxéssemos 30% do atual consumo da cidade, o impacto da falta de água seria minimizado de forma muito significativa”, frisou. A engenharia brasileira teria perfeitas condições de resolver esse problema, conforme o cientista, no entanto, os entraves técnicos e políticos, dificultam a ação.

Segundo ele, deslocar água de João Pessoa para Campina Grande equivaleria a subir uma ladeira, para jogar água no topo. “Isso traria um custo energético considerável, mas é um projeto viável”, disse o professor, complementando que é um sonho dele ver esse projeto acontecer. Utilizado em mais de 150 países, os sistemas de dessalinização da água extraída de poços ou do mar, tornam o líquido adequado ao consumo humano e são uma alternativa viável onde há escassez de recursos hídricos. “Se nós temos água no oceano e podemos fazer isso, a gente deve fazer. Nada impede, a não ser a questão de atitude”.

Ele ilustrou como exemplo de que o projeto é possível, a cidade de Caracas, na Venezuela, que está situada a 550 quilômetros do oceano, quase cinco vezes a distância de Campina Grande para João Pessoa, e a 900 metros acima do nível do mar. Lá, o governo está construindo uma usina de dessalinização para atender à metade da demanda da cidade, com capacidade de produzir 200 litros de água por segundo.

De acordo com ele, para atender à demanda da cidade de Campina Grande teria que ser construída uma grande usina para retirar água de uma fonte de grande potencial hídrico, como o mar. Mesmo aparentando ser um procedimento caro, o cientista explica que o custo é ínfimo, se comparado aos benefícios. “O processo de dessalinização não é um processo caro, o valor da água fica abaixo de R$ 1 por metro cúbico, que equivale a mil litros de água.” O valor do setor residencial pago atualmente na cidade é R$ 26,93 para cada 10 metros cúbicos, de acordo com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa).

No Brasil, o arquipélago de Fernando de Noronha também consome 100% da água por meio de sistema de dessalinização. Funcionando desde 2011, o sistema foi implantado em parceria com a Companhia de Águas de Pernambuco (Campesa) e está garantindo o abastecimento total do arquipélago, com água livre de bactérias e micro-organismos.

População do arquipélago de Fernando de Noronha consome água do mar dessalinizada

A dessalinização de água não é nova – soldados a bebiam na Segunda Guerra. Mas só nos últimos anos a água dessalinizada se popularizou. Hoje, ela já beneficia 300 milhões de pessoas.

– 150 países já usam a dessalinização como alternativa para obter água potável.

– 17 mil usinas de dessalinização existem no mundo. Uma dessas usinas está no Brasil, em Fernando de Noronha.

– A usina de dessalinização de Fernando de Noronha produz 650 m³ de água potável por dia.

– 100% da água dessalinizada em Fernando de Noronha é consumida pela população do arquipélago, 2.884 pessoas.

Dr. DINNA Oliveira
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