O despejo de resíduos químicos na água é uma das principais fontes de poluição em rios e em oceanos. Além de possíveis danos à saúde humana, a presença desses materiais em corpos aquáticos leva ao adoecimento e à morte de animais e plantas marinhos. O íon nitrito, um composto químico, é uma das substâncias encontradas nesses corpos d’água. Em Natal e região, um projeto da UFRN monitora os níveis do íon em lagoas, com o objetivo de garantir a qualidade da água nas áreas investigadas.
A ação Monitoramento de íons nitrito em águas de lagoas da região metropolitana de Natal/RN, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (DACT/CCS), atua desde 2020 coletando e analisando amostras para investigar os níveis do composto químico. Em março e em agosto de 2024, foram colhidas porções nas lagoas do Jiqui, Jacumá, Muriú, Extremoz, Cachoeirinha, Pitangui, Carcará, Boa Água, Bonfim, Arituba e Alcaçuz.
De acordo com Aline Schwarz, professora do DACT e coordenadora do projeto, as lagoas apresentaram concentrações de íons nitrito abaixo do limite máximo tolerado por lei. A quantidade, porém, aumentou ao longo dos cinco anos de monitoramento. “Essa observação informa que ocorre contaminação dessas lagoas por esse íon e que medidas sanitárias e políticas públicas devem ser implantadas para evitar má qualidade da água destas lagoas no futuro”, afirma a docente.
O íon nitrito é tóxico para plantas, animais e humanos. Em pessoas, de acordo com Aline, uma dose elevada do composto pode provocar a metemoglobinemia, uma forma oxidada de hemoglobina que inibe o transporte de oxigênio. Um caso assim seria uma intoxicação aguda. Já a exposição a doses baixas diariamente pode levar a câncer no futuro. “No estômago, os nitritos reagem com aminas e amidas, formando os compostos carcinogênicos N-nitrosos”, explica a pesquisadora.