No Dia Internacional da Mulher, o Rio Grande do Norte tem ao menos um motivo para comemorar: o aumento gradativo da participação feminina no meio empresarial. Apesar da predominância dos homens, 46,9% dos negócios do estado formalizados como Microempreendedor Individual (MEI) são liderados por mulheres dentro de um universo de mais de 90 mil empresas. Isso comprova a força do empreendedorismo feminino, sobretudo à frente de novos negócios, criados nessa nova realidade econômica. No Brasil, as mulheres já representam 49% do total de empreendedores nacionais.
De acordo com levantamento feito pelo Sebrae no Rio Grande do Norte com base nos dados do Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), as mulheres dominam as dez principais atividades de maior frequência entre os MEI – faixa que reúne 32.348 microempreendedores. Elas são donas de 68,8% desses negócios.
O público feminino também lidera o ranking das cinco atividades que detêm um grande número de MEIs, contribuindo para mudança significativa na distribuição por sexo quando comparado ao universo de total de microempreendedores. No comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, que a atividade que mais reúne negócios no Rio Grande do Norte, 77% das empresas são comandadas por mulheres. Entre os cabeleireiros o percentual feminino é ainda maior: 81%.
Elas também predominam no comércio varejistas de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal. 79% das empresas nesse ramo têm mulheres como proprietárias. No fornecimento de alimentos preparados para consumo familiar, 73% são mulheres, assim como na confecção, sob medida, de peças do vestuário, exceto roupas íntimas, na qual as mulheres detêm 94% do comando.
Evolução
Apesar de ainda estar em menor número, a quantidade de mulheres potiguares que decidiram empreender e abrir uma empresa cresceu 74,2% em uma década. Entre os anos de 2001 e 2011, o número de empreendedoras no Rio Grande do Norte passou de 66 mil para 115 mil, o que representa um crescimento significativo frente ao registrado no mesmo período entre os homens, cujo aumento foi de apenas 12,7%.
Em 2001, os homens no comando dos negócios somavam 219 mil. Dez anos depois, o número subiu para 247 mil.
São mulheres como Lorena Lobo, produtora de arte em papel reciclado na comunidade de Pium (localizada na divisa dos municípios de Parnamirim e Nísia Floresta), que endossam a força de empreender do público feminino – uma identidade que está voltada tanto para a atividade profissional como para a família.
As análises constam no diagnóstico da última edição do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese), que analisa o perfil de gênero nos pequenos negócios – aqueles que faturam até R$ 3,6 milhões por ano – entre os anos de 2001 e 2011. O Rio Grande do Norte registrou o segundo maior crescimento da participação das mulheres à frente das empresas no Nordeste, ficando atrás apenas da Bahia.
Nem tudo, no entanto, são avanços. Dados apresentados no relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) ressaltam a expressiva participação da mulher em atividades econômicas no Brasil: 58% trabalham, mas 30% ainda ocupam funções precárias, incluindo o setor agrícola. Além disso, elas ganham menos do que os homens, mesmo tendo carga horária semelhante.