Oito animais foram positivos para raiva, diagnosticados laboratorialmente, em novembro deste ano no Rio Grande do Norte. Trata-se do maior registro de animais raivosos em um único mês no estado em 2017, quando foram confirmados 24 casos da doença. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), que faz um alerta à população quanto aos cuidados de prevenção à raiva.
Os casos desse mês ocorreram em Afonso Bezerra, Almino Afonso, Caicó, Ceará-Mirim, Santa Cruz e Serra Caiada. Dos oito animais raivosos, quatro eram morcegos, que foram encaminhados para exame laboratorial no LACEN/RN pelas secretarias municipais de saúde envolvidas. Os demais animais positivos para a doença foram dois bovinos e um cavalo, em Ceará-Mirim, e uma raposa, em Afonso Bezerra.
Desses quatro morcegos positivos para raiva, dois foram encontrados caídos durante o dia dentro de residências. Por isso, a Subcoordenadoria de Vigilância Ambiental (Suvam) da Sesap alerta sobre a importância de que as pessoas, ao encontrarem morcegos suspeitos de raiva (aqueles encontrados mortos, caídos no chão sem condição de vôo ou expostos em locais desprotegidos) não toquem nesses animais e entrem em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para recolher o animal e realizar investigação na área para avaliação de risco para a população.
Além disso, segundo a subcoordenadora de Vigilância Ambiental, Cintia Higashi, “caso o indivíduo seja agredido por um animal passível de transmissão da raiva, ou seja, qualquer mamífero, independente da gravidade da lesão, deve buscar imediatamente assistência médica na unidade básica de saúde mais próxima ou no Hospital Giselda Trigueiro, para um tratamento antirrábico“.
Nos casos de animais domésticos, as secretarias municipais de saúde disponibilizam vacinas contra raiva para cães e gatos durante todo o ano.
DADOS
Em 2017, até o presente momento, foram encaminhadas para exame laboratorial de raiva no LACEN/RN 128 amostras de animais suspeitos de raiva oriundas de 30 municípios do estado. Dessas, 24 foram positivas para raiva, o que permite afirmar que o índice de positividade dessa doença no RN está em 18,75%, percentual maior do que o de 2016 (14,20%). Dos 24 casos positivos, 13 são morcegos, 4 bovinos, 4 raposas e 3 equinos, registrados em 14 municípios do RN, sendo cinco desses municípios pertencentes à V Unidade Regional de Saúde Pública, sediada em Santa Cruz, fato que torna essa área a maior em registro de casos de raiva animal em 2017, comparado às outras unidades de saúde do estado.
Outro fato que chamou a atenção da Suvam foi o de os morcegos terem sido a espécie animal com mais amostras suspeitas de raiva encaminhadas para exame. Ao todo foram 50 amostras de morcegos procedentes de 16 municípios, sendo diagnosticada raiva em 13 animais provenientes de sete locais: Almino Afonso, Caicó, Natal, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Serra Caiada e Riachuelo. Ressaltamos que foram enviadas sobretudo amostras de morcegos não hematófagos, tendo sido diagnosticada raiva em 13 morcegos.
De acordo com a série histórica da raiva do LACEN/RN, que corresponde aos casos do período de 2005 até o momento no estado, há registro de 335 casos de raiva ocorridos em 75 municípios do RN. As espécies mais acometidas com essa doença nesse período foram morcegos (52,53%), bovinos (25,67%) e raposas (11,04%). 2017 foi o segundo ano consecutivo no qual foram identificados mais casos de raiva em animais silvestres do que em animais domésticos.
Além disso, a Suvam destaca que no RN o último registro de raiva humana – fatal em 99,9% dos casos – ocorreu em 2010, em Frutuoso Gomes, tendo um morcego sido o transmissor. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), somente em 2017 no RN, 7.940 pessoas buscaram assistência médica para tratamento antirrábico. Em aproximadamente 90% desses atendimentos, os animais agressores foram cães ou gatos. No entanto, há notificação de atendimento médico em decorrência de agressão por saguis, raposas, morcegos e herbívoros.
Aconteceram cinco casos de raiva humana no Brasil em 2017. Desses, quatro foram transmitidos por morcego e o outro por gato. Esses casos foram registrados em Tocantins, Bahia, Pernambuco e Amazonas.