O Brasil gasta com Previdência Social em média 8% do seu Produto Interno Bruto. Esses gastos são tão altos que o país caminha para uma crise semelhante à vivida pela Grécia. A constatação é alarmante e é feita por quem conheceu bem de perto o sistema previdenciário do país. Economista e diretor-executivo na FenaSaúde, José Cechin foi ministro da Previdência no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Cechin anda assustado com os rumos das contas públicas no Brasil. Na crise em que se afundaram em 2009, os gregos gastavam com aposentados e pensionistas quase o mesmo percentual que hoje coloca no vermelho o caixa brasileiro.
E em índices tão alarmantes quanto os que quebraram os caixas do estado do Rio de Janeiro, por exemplo. A crise mais forte foi enfrentada, mas a Grécia teve uma queda de 25% do PIB que tinha antes da recessão. Como uma tentativa de negociar as dívidas com seus credores, o governo grego promoveu cortes em aposentadorias. Isso gerou uma onda de protestos de aposentados, revoltados com a queda de seus rendimentos. Reformas no regime de previdência também foram feitas. O temor de especialistas é que, caso o Brasil não entre logo nos trilhos, a crise grega se repita por aqui.
Reflexo nos estados
No Brasil, o reflexo da má administração pública e do excesso de gastos com a Previdência já são sentidos por estados como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. O Rio está falido. Não tem dinheiro para pagar aposentados nem professores, que estão com seus rendimentos atrasados.
“Tesouros também falem. Eles, na verdade, falem antes da Previdência. Na verdade, eles são levados à falência pelos excessivos gastos previdenciários – que foi o caso da Grécia. Se a gente dormir no ponto, não mudar as regras de elegibilidade, formação de valor, nós poderemos chegar ao ponto sim que todo o dinheiro da União terá que ser usado para pagar aposentadoria”, alertou Cechin.
O governo costura, junto com o relator da comissão especial da Reforma da Previdência, Arthur Maia, do PPS da Bahia, um texto capaz de ser votado e aprovado pela Câmara dos Deputados. O esforço é para que a proposta entre na pauta do plenário antes do recesso, que começa em 23 de dezembro.