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(FOTO: Tânia Rêgo/ABr)

O medo, a falta de orientações e a vontade de desistir têm sido comuns no dia a dia dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde que começaram a atuar na realização do Censo 2022 no dia 1º de agosto. Os relatos são numerosos em grupos das redes sociais que reúnem os profissionais. “Um homem quase me bateu quando perguntei o sexo dele; já saiu gritando comigo e me perguntando que tipo de pergunta é essa, porque ele é muito macho”, desabafou uma recenseadora em um grupo. “Ontem eu voltei para casa chorando, fiquei o dia todo escutando piadinhas dos moradores”, lamenta outra. “Eu vou desistir antes de terminar o primeiro setor”, contou outra agente.

Nos últimos dias, foram registrados casos de agressões verbais, assédio e ameaças aos profissionais em diferentes pontos do País. Os recenseadores são orientados a retornar a cada domicílio por quatro vezes no caso de recusa ou ausência dos moradores. Em uma cidade no interior do Maranhão, José (nome fictício) diz que, na quarta visita a uma das casas, deixou uma notificação que pede que o cidadão entre em contato com o recenseador responsável pela área. “Não sei como, mas a pessoa achou meu número pessoal e ligou às nove da noite me insultando, dizendo que ia mandar me prender, que não ia responder o censo porque ela não era vagabunda e não devia nada para o governo”, conta. 

Em áudio enviado ao Agente Censitário Supervisor (ACS), ele afirma que, ao explicar sobre a obrigatoriedade das respostas, foi confrontado: “Ela falou que não tinha nada a ver, e que se você quiser pode ir lá, mas que ela poderia nos processar por ter deixado uma notificação na casa dela. Eu considero isso um desacato ao funcionário público, que é um crime, né?”.

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