Lançado oficialmente na última quinta-feira, 25, o Selvagem Elétrico é o primeiro buggy movido a eletricidade produzido no Brasil para uso em regiões de dunas. O projeto é uma parceria entre a UFRN, o Senai/RN e a indústria de veículos automotores Selvagem. Com os processos de criação e montagem finalizados, a próxima etapa está a cargo do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE/UFRN), responsável pela fase de ajustes de controle e locomoção do carro, essencial para a conclusão do produto.
Durante o desenvolvimento do Selvagem Elétrico, o DEE participou buscando recursos para construção do laboratório de eletrificação veicular e compra de materiais. O objetivo é continuar a próxima etapa dentro da Universidade, a fim de incentivar os estudantes a conhecerem a área, que costumava ser popularizada apenas pelos profissionais de Engenharia Mecânica.
Atualmente, porém, os carros elétricos possuem sistemas majoritariamente eletrônicos, o que demanda conhecimento de temas como mobilidade elétrica, eletrônica de potência e acionamento de máquina, ofertados no decorrer do curso de Engenharia Elétrica. A intenção é ampliar o conteúdo dessas disciplinas para que os alunos possam trabalhar com motores e auxiliar na etapa de controle do buggy elétrico, assim como converter outros carros no futuro.
O professor e chefe do DEE, Diomadson Rodrigues Belfort, que participou do treinamento oferecido pelo SENAI/RN como representante da equipe da UFRN, conta que os pesquisadores auxiliaram também nas especificações do carro, incluindo o motor, a bateria e, principalmente, a autonomia, que indica quantos quilômetros um veículo consegue percorrer diariamente. “Vamos estudar como estabilizar o controle do carro sem gastar mais do que o necessário. Nosso objetivo é economizar mantendo o conforto e a velocidade. Queremos reproduzir o máximo possível o que um carro a combustão faz, mas sem gastar demais a bateria,” explica.
Outra etapa importante é a de regeneração de energia no veículo, vantajosa para o Rio Grande do Norte, fabricante de energia limpa em abundância provinda da força dos ventos e da luz solar, capaz de abastecer o estado todo sem gerar dióxido de carbono ou emissão de outros gases poluentes. Assim, à medida que o carro gasta energia, bobinas inseridas na parte do freio podem recuperá-la e enviá-la para a bateria, prolongando o tempo de uso. Os sistemas necessários para a instalação já foram providenciados, mas é de interesse dos pesquisadores estabilizar o motor e a bateria antes de trabalhar no restante.
Estima-se que o projeto seja encerrado até o final deste ano e entre em circulação no mercado a partir de março de 2023. O único fator que ainda preocupa os desenvolvedores é o preço da bateria de fosfato de lítio, que não é fabricada no país e atualmente está em torno de R$ 49 mil, o que elevou o valor e prejudicou a autonomia do carro elétrico. Até o momento, a previsão é de que o Selvagem Elétrico esteja na faixa dos R$150 mil, mas esse obstáculo não afeta o benefício trazido ao consumidor por investir em um carro elétrico. O Rio Grande do Norte isenta esse tipo de veículos de pagamento do IPVA, equivalente a cerca de 6% do preço do automóvel, uma economia considerável.
Neste primeiro momento, a equipe da Universidade deve participar de uma oficina com o Senai/RN para trabalhar na parte da programação do inversor, encarregado de ajustar a velocidade que o carro pode atingir. Contudo, para os envolvidos no projeto, poder assistir ao protótipo em funcionamento e reunir as equipes responsáveis, tarefa complicada devido à pandemia durante a fase inicial, já é uma grande vitória e indica um futuro promissor para o Selvagem Elétrico.