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Fachada do Centro de Turismo de Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN
Fachada do Centro de Turismo de Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN

Fachada do Centro de Turismo de Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN
Fachada do Centro de Turismo de Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN

No coração da cidade do Natal está o Centro de Turismo, um espaço cultural e de artesanato que carrega muitos anos de história. O prédio já serviu como casa de praia, asilo, orfanato de meninas e casa de detenção, mas há 46 anos se tornou o primeiro local da cidade a oferecer serviços e produtos regionais, em maioria produzidos no RN. Porém, há alguns anos o equipamento vem sofrendo com a queda de visitação de turistas e falta de incentivos públicos.

Atualmente, o prédio conta com 38 lojas de artesanato distribuídas em boxes, galeria de arte, teatro, pátio, restaurante, entre outros espaços. Dentro dos boxes, é possível encontrar vendedores com variedades de produtos regionais. Eles dizem sentir que o fluxo e a movimentação de pessoas diminui com o passar dos anos.

O presidente da Associação dos Empreendedores do Centro de Turismo de Natal (ASCTUR), Everaldo Trigueiro, disse ao AGORA RN que a administração do Centro tem buscado formas de inovar e atrair mais turistas para o local por meio de divulgação.

“Nós trouxemos inovação na questão de divulgar, principalmente nas redes sociais. Hoje nós temos um folder que já existia em 2001, nós resgatamos esse folder que tem todos os pontos turísticos da cidade, para que o turista tenha esse direcionamento de onde procurar os atrativos de Natal, inclusive o Centro de Turismo”, contou ele.

Everaldo Trigueiro representa empreendedores do Centro. Foto: José Aldenir/Agora RN
Everaldo Trigueiro representa empreendedores do Centro. Foto: José Aldenir/Agora RN

Apesar disso, lojistas relataram que, hoje em dia, poucas empresas de turismo ainda incluem o Centro em seus itinerários. Com isso, o local tem se empenhado em atrair novamente as agências de turismo locais, apostando na cultura por meio de apresentações musicais, como o Forró com Turistas, que acontece todas as quintas-feiras. Além disso, a ideia é estender o horário de funcionamento do espaço e reinaugurar a boate que fica no subsolo do prédio.

Acesso difícil

Um dos problemas relacionados a ausência das agências de turismo no prédio é a dificuldade de acesso dos ônibus ao estacionamento do local, que tem restrições para veículos de grandes portes.

Nesse cenário, a administração desenvolveu um projeto de construção de um novo estacionamento. “A gente desenvolveu o projeto, está na Câmara Municipal de Natal para ser votado o orçamento, conseguimos uma sessão solene para novembro e estamos no aguardo”, explicou Everaldo Trigueiro.

O presidente da ASCTUR cobra apoio do Governo do Estado e da Prefeitura do Natal. “Não temos dinheiro, a gente compra no final do mês, rateia e depois paga, a gente vive assim, porque o Governo do Estado não dá incentivo nenhum, nem o municipal. Eu contratei uma produtora cultural que vai incentivar e colocar projetos culturais. Estamos sobrevivendo. Temos história, temos um prédio magnífico, temos posicionamento geográfico (em cima de uma duna), tudo isso é história e o Governo do Estado não investe nisso. O Centro de Turismo dentro da EMPROTUR tem um roteiro que todo turista que vem para o estado deveria passar por aqui, mas o Governo abandonou isso”, relatou Everaldo Trigueiro.

“A gente conta os ônibus de turismo nos dedos”, relata vendedora

Para Edilane Maria de Souza, que é vendedora de produtos feitos com couro no Centro desde 1994, a ausência do público se tornou cada vez pior ao longo dos anos. “Era cheio de turista, a gente não tinha nem tempo para pensar muito. A gente recebia, em média, na época, de 20 a 45 ônibus por dia. Hoje em dia, a gente conta os ônibus nos dedos”, relatou ela.

Edilane Maria de Souza é vendedora de produtos de couro. Foto: José Aldenir/Agora RN
Edilane Maria de Souza é vendedora de produtos de couro. Foto: José Aldenir/Agora RN

A lojista defende que, além da diminuição de visitas pelos ônibus de turismo, também existe uma falta de investimento e de propaganda por parte dos órgãos públicos. “Acho que a parte principal é a falta de investimento. Hoje [tem que ter] mais divulgação. Eu vejo que nas outras capitais, os governos investem mais em questão de divulgar a cidade”, argumentou.

A ausência de visitantes compromete o artesanato, fonte de renda de diversos dos lojistas do espaço. “Esse foi meu primeiro emprego, tudo que eu aprendi foi aqui. Hoje também faço artesanato, é uma questão de amor mesmo. O artesão não faz uma peça só para ganhar dinheiro, mas ele faz uma peça que ele joga ali um pouco do amor”, pontuou a lojista.

Raquel Fernandes trabalha na galeria de arte do Centro de Turismo como funcionária e relata que buscou uma forma alternativa para realizar as vendas das obras: a internet. “Todos os dias vendo porque a gente vende pela internet. Já que tem pouco público, não tem muita gente aqui, não é um lugar muito frequentado, então a gente tenta vender de outras formas”, explicou ela.

A funcionária da galeria enfatiza que, mesmo com o movimento caindo, o Centro de Turismo se mantém vivo e geralmente tem mais movimento no verão. “Aqui é mais frequentado por pessoas de fora do que daqui [de Natal]. E geralmente em janeiro e fevereiro [vem mais gente]”, evidenciou Raquel.

Já a artesã Ana Cristina, que está no Centro há 12 anos, revela que lembra de dias que o prédio alcançava uma média de 50 ônibus de turismo. “Hoje em dia [trabalhamos] com as pequenas empresas que vêm, a gente faz também algumas propagandas, divulgam as lojas… são mais os turistas que vem, o público de Natal comparece, mas não tanto”.

Entrada de loja no Centro de Turismo. Foto: José Aldenir/Agora RN
Entrada de loja no Centro de Turismo. Foto: José Aldenir/Agora RN

Para a artesã Zita Ribeiro, conhecida como Dona Zita, a sobrevivência no Centro é rotina diária. Dos 63 anos de vida, 43 foram só de vivência no Centro de Turismo. Hoje, ela observa as mudanças que aconteceram.

“Por exemplo, um troco da gente [antigamente] era de mil reais e hoje a gente nem troco têm. Antes, eu já fiz venda a uma só pessoa de cinco mil reais. Todo dia eu vendo, mas mudou totalmente. Antes, quando a gente saía, os pés ficavam inchados, e hoje os pés nem incham e se incham é de tanto ficarmos sentados”, disse.

Dona Zita, que trabalha com tecidos, bordados e rendas, ressalta que o movimento fraco também afeta outros centros comerciais de Natal. “Está diferente aqui e está diferente em outros [lugares]. No Centro da Cidade e no Alecrim você nem vê mais ninguém e as lojas todas fechadas”, frisou. (*Supervisão de Nathallya Macedo).

AgoraRN

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