Políticos potiguares que atuaram como ministros durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) travaram projetos de interesse do Rio Grande do Norte em Brasília. A afirmação foi feita pela governadora Fátima Bezerra (PT) durante entrevista concedida nesta segunda-feira 25 ao Falei Podcast no Youtube.
Segundo afirmou a petista, até hoje são encontrados em Brasília o que ela chama de “esqueletos”, que são os projetos que deveriam se transformar em ações para o Estado, mas que foram bloqueados pelos integrantes do governo anterior.
Embora ela não tenha citado nomes, os dois potiguares que assumiram ministérios no governo Bolsonaro foram o senador Rogério Marinho (Ministério do Desenvolvimento Regional) e o ex-deputado federal Fábio Faria (Comunicações).
“Infelizmente esses dois ministros que poderiam ter ajudado muito o Governo do Estado, pelo contrário, até hoje eu encontro lá em Brasília o que eu chamo de esqueletos, que são a constatação de projetos que eram para o RN ter sido beneficiado, mas foi excluído na nossa primeira gestão. Tudo aquilo que era de convênio diretamente com o Governo do Estado eles travavam, isso é uma maldade sem tamanho”, acusou a governadora no podcast da jornalista Thaisa Galvão.
Segundo ela, os recursos que foram repassados para o Estado na gestão Bolsonaro foram repasses constitucionais e obrigatórios. A governadora disse isso para desmentir o argumento da oposição, que afirma que o ex-presidente enviou um montante de recursos suficiente para ajudar o Rio Grande do Norte financeiramente.
“Se eu fosse contar aqui a série de episódios de projetos de interesse do RN que foram travados simplesmente porque o Estado era governado pelo PT. Isso é muita mesquinhez, é muita crueldade, mas isso é página virada”, acrescentou.
‘Natália é um nome muito competitivo’
Sobre as eleições municipais de 2024, a governadora falou sobre a pré-candidatura da deputada federal Natália Bonavides (PT) à Prefeitura do Natal. Na avaliação de Fátima, a parlamentar tem “muito potencial”. Ela disse que, para o PT, é um sonho governar Natal. “Eu tô muito animada com a perspectiva da candidatura de Natália. Acho ela um nome muito competitivo”, disse a governadora, afirmando que o PT está unido em torno do nome da parlamentar.
Apesar do entusiasmo, a governadora lembrou que essa discussão não passa somente pelo PT, uma vez que o partido integra uma federação com o PCdoB e com o PV, que também tem uma pré-candidata a prefeita, que é a deputada estadual Eudiane Macedo.
Sobre 2026, ela não descartou cumprir todo o mandato como governadora em vez de ser candidata ao Senado. “Eu não estou descartando outras hipóteses, mas uma hipótese colocada que eu tenho que ser muito franca, muito sincera, é cumprir na íntegra o meu mandato e cuidar da minha sucessão”, destacou.
SÃO GONÇALO E MOSSORÓ
A governadora também declarou apoio à pré-candidatura à reeleição do prefeito de São Gonçalo, o também petista Eraldo Paiva. “É claro que o meu candidato a prefeito em São Gonçalo é Eraldo, é o candidato do meu partido, é legítimo que ele se coloque para reeleição”.
Questionada sobre a possibilidade de o secretário Jaime Calado abrir mão de sua pré-candidatura para apoiar Eraldo, ela afirma que acredita no diálogo para recompor o grupo junto com o secretário na cidade.
Sobre a cidade de Mossoró, a governadora declarou apoio à pré-candidatura da deputada estadual Isolda Dantas (PT) à prefeitura municipal. “Sim, [Isolda] será com certeza [minha candidata a prefeita]”.
‘CPI foi página infeliz da história da AL’
Ainda durante a entrevista, a governadora criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem atribuiu características autoritárias, misóginas e anti republicanas. Ela também chamou o ex-mandatário de “fascista”, afirmou que ele não estava à altura do cargo que exercia e o acusou de conspirar contra a democracia.
“A trajetória desse cidadão, desde a época como capitão do Exército, depois no Parlamento, para mim nunca me enganou, a índole dele é a vocação para o autoritarismo, ele tem essa vocação”.
Fátima afirmou ainda que viveu um “inferno” durante o governo Bolsonaro e que encontrou portas fechadas, perseguição e discriminação. “O Planalto era proibido para nós, dada a estupidez que nós tínhamos na Presidência da República”, declarou.
Ela também criticou os deputados estaduais oposicionistas pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) durante a pandemia, a fim de apurar a compra frustrada dos respiradores, que deu um prejuízo de cerca de R$ 5 milhões ao RN, entre outras ações do governo durante a emergência sanitária global. “Eu acho que foi um dos momentos mais infelizes da história da Assembleia Legislativa”, afirmou.
Embora reconheça a CPI como um instrumento legítimo das minorias, a governadora criticou o que ela chamou de uso da comissão para “fins politiqueiros”, o que teria acontecido naquele momento na Assembleia, na opinião da gestora. Ela ainda classificou o trabalho dos deputados na CPI como um “espetáculo grotesco”.
Ainda sobre a compra dos respiradores, a governadora afirmou que não houve dolo da parte do Estado, que segundo ela foi vítima de uma “empresa caloteira”. “O que houve foi a boa fé da nossa parte, porque era nosso dever exatamente ter feito isso, mas isso para mim é página virada”.
AgoraRN