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Ex-deputado federal, advogado e jornalista Ney Lopes analisa cenário político e ressalta eleições do ano que vem. Foto: José Aldenir/ AGORA RN
Ex-deputado federal, advogado e jornalista Ney Lopes analisa cenário político e ressalta eleições do ano que vem. Foto: José Aldenir/ AGORA RN

As eleições para a Prefeitura do Natal ocorrem no ano que vem e geram expectativas sobre o futuro da capital potiguar com a nova gestão que chegará em 2024. Seguem em debate nomes como Carlos Eduardo Alves (PDT), ex-prefeito de Natal entre 2013 e 2016 e reeleito para continuar até 2018, Natália Bonavides (PT), atual deputada federal e candidata apoiada pela governadora Fátima Bezerra, Rafael Motta, ex-deputado federal e atual secretário de Esportes de Natal, e o candidato apoiado pelo atual prefeito Álvaro Dias, que não poderá concorrer.

Para o ex-deputado federal, advogado e jornalista Ney Lopes, a disputa na capital potiguar será reflexo do quadro nacional, de Lula contra Bolsonaro. “Isto se deve ao fato de que o RN é hoje um vazio de líderes e mais ainda de ideias inovadoras”, apontou ele.

Em entrevista ao AGORA RN, Ney Lopes, que escreve diariamente para o jornal, analisou a situação política do RN e ressaltou as expectativas para as eleições para a gestão municipal em 2024. Confira:

AGORA RN – Como acredita que serão as eleições para a Prefeitura do Natal em 2024?
Ney Lopes – Pelo que se sabe será reflexo do quadro nacional: Lula contra Bolsonaro. Isto se deve ao fato de que o RN é hoje um vazio de líderes e mais ainda de ideias inovadoras. O processo eleitoral se move nos subterrâneos das dezenas de partidos, todos com olho na sobrevivência para não largar o “osso” do milionário Fundo Eleitoral. Por outro lado, astutos parlamentares, mesmo sabendo que não têm chance, dizem-se candidatos a prefeito de Natal, unicamente para no final fazerem acordos e presumidamente garantirem votos em 2026, na reeleição. Depois que inventaram essa história de “nominatas” (lista de candidatos a vereador), com a “benção do dirigente do partido” que ganharão as eleições, verifica-se um desestímulo para novos nomes. Renovação se torna quase impossível. O partido, através dos seus “proprietários privados”, age como um ditador implacável. Poucas exceções. A lei brasileira, em nome da autonomia, dá poderes absolutos aos dirigentes das siglas partidárias. Não se fala em mudar, porque quem vota no Congresso são justamente esses dirigentes. Ciclo vicioso.

AGORA RN – A governadora Fátima Bezerra e o prefeito atual Álvaro Dias, você acredita que terão influência nas eleições?
Ney Lopes – Claro. Têm as chaves dos cofres e os dois estão olhando para 2026. O que pode acontecer é Fátima apoiar a candidata deputada Natália Bonavides para obedecer a orientação de Lula, que está muito empenhado em eleger o maior número de correligionários. Talvez até, se fosse pela vontade de Fátima, ela recuaria, para não desarrumar uma fatia de apoios que têm em áreas anti Lula. Mas, seguirá o que o presidente disser. Álvaro Dias tem o trunfo de uma excelente administração, ninguém nega. Para chegar a esse nível, transigiu no passado, apoiando Bolsonaro e agora não pode combater Lula, tudo para o “cofre não esvaziar”. Esse é o tormento de quem é administrador público num país, em que a federação não funciona e o radicalismo político predomina.

AGORA RN – O ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, um dos nomes que concorrem a Prefeitura, corre sozinho nessa disputa?
Ney Lopes – Sozinho, não. Foi várias vezes prefeito, conhece bem a cidade e tem uma inegável liderança. Veja que em toda pesquisa ele está bem situado, embora eu não acredite em pesquisa nessa fase pré-eleitoral. Se a eleição fosse hoje, acredito que ele se elegeria, mas tudo pode acontecer com alianças futuras entre os partidos.

AGORA RN – O que, na sua opinião, mede força eleitoral na eleição de Natal?
Ney Lopes – Os candidatos a vereador, regra geral, lutam por si e esquecem a majoritária. Os líderes de bairro juntam possíveis apoios para, na eleição seguinte, eles próprios serem os candidatos a vereador. Acho que uma força decisiva numa eleição como esta será o discurso do candidato. O que ele conseguir mostrar de “novo” para a sua futura administração. Claro que o “staff” de campanha ajuda nesse processo, mas o líder tem que ser o próprio candidato. Veja que na Argentina, Milei disse o que o povo queria ouvir e transformou-se na maior “zebra” eleitoral. O próprio Bolsonaro foi assim também. Uma dúvida persiste na cabeça do eleitor. É que o discurso seja realmente honesto, sincero e não um blefe, mesmo assim, a tendência é o voto seguir o discurso reformador.

AGORA RN – E o Brasil, como está à nível político e econômico?
Ney Lopes – É abrangente essa pergunta. Se você perguntar do ponto de vista econômico, acho que o ministro Haddad da Fazenda não decepciona, mas não pode fazer o que deseja pelo radicalismo patológico do PT. Lula está falando demais. Ele deveria seguir o exemplo do presidente americano Calvin Coolidge, famoso por não abrir a boca, que dizia sempre: “Eu nunca fui prejudicado pelo que não disse”. A oposição teima em radicalizar e facilitar a polarização, o que o governo deseja. Poderia instalar um Fórum Nacional e discutir o futuro do Brasil. Aceitaria o que estiver certo e defenderia avanços para os desacertos. A única mudança que eu vejo nessa linha de equilíbrio político, no cenário nacional, é o governador Tarcísio de Freitas de SP. Este é muito bom. Age com bom senso e sensatez, o que falta às duas forças antagônicas (Bolsonaro e Lula). Aliás, hoje é o meu candidato a presidente da República.

AGORA RN – E mundialmente, como acredita que será em 2024?
Ney Lopes – 2024 um ano de profundas interrogações para o mundo. Cerca de metade da população mundial, 49%, terá eleições. Por volta de 30 países vão eleger um presidente. Também estão previstas eleições legislativas em cerca de 20 países. A principal eleição é a americana, que corre o risco de um celerado como Trump ser eleito. Hoje, vivemos em clima de guerra: Israel, palestinos, Rússia, ucranianos e até venezuelanos querendo invadir a Guiana. O clima global é um perigoso desafio para a humanidade. Dia a dia eventos climáticos extremos (inundações, secas, ondas de calor, tempestades etc.) levam a centenas de bilhões de dólares em perdas econômicas e causam um grande impacto em vidas humanas no mundo inteiro. Só resta pedir a proteção de Deus, para que esse cenário se estabilize com paz e desenvolvimento.

AgoraRN

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