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Temperatura 33 ° C Natal RN (3)
Previsão é de que temperatura média seja mais alta no verão, diz Emparn. Foto: José Aldenir / Agora RN

Estação mais quente, o verão chegou e as temperaturas voltaram a subir. 2023 foi o ano mais quente já registrado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O El Niño ganhou destaque como o principal responsável pelas intensas ondas de calor que ocorreram em praticamente todo o planeta e apesar do ano ter chegado ao fim, as mudanças climáticas ainda podem estar apenas começando, conforme explica o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (Emparn) em entrevista ao AGORA RN.

Segundo Bristot, nos últimos meses, a América do Sul, especialmente o hemisfério sul, tem enfrentado uma intensa onda de calor, resultado da atuação do fenômeno El Niño. Desde meados de 2023 até o início de 2024, as temperaturas elevadas têm impactado diretamente as condições climáticas na região.

Caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais ao longo da faixa equatorial do Oceano Pacífico, o El Niño tem alterado o padrão de circulação dos ventos. Isso, por sua vez, desloca frentes frias ou ondas de calor de áreas com latitudes maiores, como o Polo Sul e o deserto de Atacama no Chile, para a América do Sul.

O meteorologista explica que em setembro do ano passado, uma dessas massas de ar quente atingiu a região, elevando as temperaturas a patamares acima de 40ºC em locais como o interior do Rio Grande do Norte, especificamente na região do Seridó. Este evento foi um claro reflexo da influência do El Niño.

“Apesar de outras massas de ar quente terem chegado nos meses seguintes, os efeitos foram menos perceptíveis devido à temporada já quente de novembro e dezembro. A explicação reside na condição climática pré-existente, onde as temperaturas já eram elevadas”, disse.

Mudanças climáticas

Em relação às mudanças climáticas, Bristot alerta que, desde a Revolução Industrial, a atividade humana tem contribuído para alterações no cenário climático global. A emissão contínua de gases de efeito estufa, retidos na atmosfera, resulta no efeito estufa, que intensifica fenômenos meteorológicos. Chuvas intensas e secas expressivas são algumas das consequências já observadas, de acordo com o meteorologista.

Embora a América do Sul, com sua maior presença de água, não sinta as mudanças climáticas tão drasticamente quanto o hemisfério norte, a influência humana é evidente, conforme o especialista. Ele ressalta que o cenário de mudança climática já está estabelecido e será dificilmente revertido sem ações significativas.

Em uma análise profunda sobre as condições climáticas atuais, o especialista destaca que nos últimos três a quatro anos, tem sido observada uma elevação constante das temperaturas. Essa tendência não só impacta o clima, mas também está relacionada a distúrbios atmosféricos intensos, que já começam a ocorrer em diversas partes do globo. “O cenário de um planeta em constante aquecimento, está longe de ser transitório. A tendência é de temperaturas persistentemente acima da média, com flutuações que oferecem apenas breves momentos de alívio. A preocupação com as consequências desse padrão térmico contínuo é real e iminente.”, explicou Bristot.

Ao longo dos anos, o planeta tem buscado equilíbrio e vem acumulando calor que precisa ser liberado. Essa liberação, conforme explicado pelo meteorologista, manifesta-se por meio de fenômenos meteorológicos, hidrológicos e marítimos intensificados. O resultado é evidente: consequências significativas para a população global.

“O ser humano está agora colhendo o que plantou nos últimos anos, com a emissão excessiva de gases de efeito estufa. Esse fenômeno, altera não apenas a temperatura, mas todo o ciclo hidrológico do planeta. A constatação é clara: não há escape para as mudanças climáticas, e todos sentirão seus efeitos, seja no semiárido nordestino ou nas regiões mais úmidas do sul. A influência humana nas reservas florestais e hídricas é apontada como um dos principais catalisadores dessa crise ambiental. Mesmo diante da consciência emergente sobre a situação, a inação persiste, com políticas ambientais ainda não sendo implementadas de forma eficaz.”, afirmou.

Previsão climática

A temperatura vai flutuar nesse início de ano, a previsão climática para os meses de janeiro e fevereiro de 2024, deverá apresentar acumulados de chuva acima do normal, devido à atuação de sistemas meteorológicos transientes como os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCANS), Sistemas Frontais e Linhas de Instabilidades.

“Nós estamos prevendo chuvas aí para os próximos dias, principalmente agora depois do dia 10 até praticamente lá para o dia 20 e 25 de janeiro, então elas vão dar uma amenizada na temperatura. Então normalmente em janeiro e fevereiro são os meses mais quentes do ano aqui no Nordeste, em Natal e no interior do estado também, mesmo que tenha alguma massa de ar quente, se chegar aqui ela perde suas características por já encontrar um cenário com temperaturas mais elevadas.”, finalizou Bristot.

AgoraRN

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