Faltando pouco mais de nove meses para as eleições municipais de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem preparado pré-candidaturas em todo o Brasil, principalmente nas capitais. Em alguns estados já há apoios definidos a políticos da base, mas não pertencentes à legenda, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. No Nordeste, a situação parece ser diferente, com nomes sólidos como o da deputada federal Natália Bonavides, em Natal, por exemplo. Ainda existem discussões em cidades como João Pessoa e Fortaleza. Localmente, o PT acredita ser necessário fazer contraposição à ícones bolsonaristas para as eleições de 2024.
Um levantamento divulgado pelo Jornal O Globo apontou que o planejamento do PT é lançar nomes próprios a prefeito em 16 dos 26 estados onde haverá disputa. Nas demais, serão apoiados nomes da base aliada. A mudança de estratégia acontece quatro anos após o partido ter perdido em 21 capitais.
O AGORA RN entrevistou o presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Júnior Souto, para entender melhor sobre a estratégia da legenda. Para ele, a candidatura de Natália é prioridade nacional e segue mantida. “Ela está se construindo num ambiente de unidade, de entendimento mútuo do partido. Não temos nenhum problema interno de qualquer descolamento das forças que compõem o PT. O PT tem essa feição de federação, mas agora nós somos federados com o PC do B e PV. Há uma candidatura posta no PV. Nós estamos discutindo sem traumas, sem problemas, e acho que é uma definição que vai nos deslocar de modo muito positivo na disputa do Natal”, comenta.
“As eleições de 2018 produziram alterações muito bruscas no cenário político brasileiro e, naturalmente, isso afetou o conceito de alianças que a gente precisou adotar para enfrentar essa onda de retrocessos que o Bolsonaro representou. Certamente, esse entendimento, que é amplamente consensual do partido, está orientando nessas definições táticas, a gente compreende que nós constituímos uma grande vitória eleitoral, agora em 2022. Mas, nós precisamos continuar a disputa política com esse ‘legado’, se é que podemos chamar isso de um legado ainda. Mas de fato é, esse legado do governo passado, os alinhamentos políticos que ele produziu”, conta.
“Nós precisamos fazer a contraposição dos ícones, das representações das lideranças, daqueles que construíram esse processo. Isso não significa que nós estejamos completamente fechados, refratários, a dialogar com pessoas que se aliaram em 2018 com o projeto que a lei se fez vitorioso. Nós queremos nos aliar com aqueles que, ainda que tenham feito por circunstâncias, por interesses momentâneos, por situações desse tipo, a gente tem uma pretensão de fazer ampliações no nosso telco de forças políticas em torno do projeto nacional liderado por Lula. Essa realidade também é presente no Rio Grande do Norte. Nós temos um número muito pequeno de candidaturas majoritárias próprias e a expectativa é que esse campo democrático, que está organizado em torno da aliança nacional, possa se sair vitorioso e criar condições favoráveis para disputas futuras”, complementa.
O AGORA RN também entrou em contato com o comentarista político e sociólogo Thiago Medeiros para analisar o cenário natalense em relação ao PT. “Dentro de uma estratégia nacional, mesmo que o partido esteja em torno de acomodações, já que o partido agora hoje é que está no poder e precisa, dentro de uma frente ampla, abarcar o máximo de partidos, obviamente, em locais em que se tem a possibilidade de vitória, a legenda vai optar e o PT, historicamente, tem saído com candidatos nas eleições municipais, ainda sem sucesso, em Natal. Mas, vem avançando seu capital, como por exemplo, na última eleição, com o Jean-Paul Prates, aqui na sucessão, nas eleições de 2020, que logrou a reeleição do atual prefeito Álvaro Dias”, comenta.
Questionado se seria possível o alinhamento da pré-candidatura de Natália Bonavides com outro nome, Júnior Souto afirmou: “Esse é um assunto que é conduzido por uma comissão da federação e eu tenho que me reportar ao Diretório Municipal de Natal. O que eu ouço e o que eu vejo é que nós temos uma ampla unidade partidária e um ambiente muito favorável na federação para a construção do nosso projeto em Natal, o que apresenta as condições de uma disputa assertiva. Nós não estamos abdicando de disputa, nós estamos só dizendo que nós não vamos correr riscos de fazer disputas e favorecer candidaturas da extrema-direita, da outra liberalismo, em função de qualquer outra razão”, conta.
A reportagem tentou contato com o secretário Chefe do Gabinete Civil, Raimundo Alves, e com a deputada Natália Bonavides, para falar sobre o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
AgoraRN