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Soldados israelenses operam na Faixa de Gaza
 5/3/2024    Divulgação via REUTERS
© Israel Defense Forces

As esperanças internacionais de alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza antes do mês do Ramadã foram frustradas nesse domingo (10). Horas antes de os palestinos e outros muçulmanos começarem o mês sagrado de jejum diurno, o Hamas repetiu as exigências de um cessar-fogo abrangente, mas Israel rejeitou.

O Egito, o Catar e os Estados Unidos buscaram mediar uma trégua. O cessar-fogo deveria ocorrer na véspera do início do Ramadã, nesta segunda-feira.

Caso tivesse um acordo de última hora, alguns reféns israelenses seriam libertados em troca de palestinos detidos nas prisões de Israel.

Porém, as negociações estagnaram.

Ontem, um dos principais líderes políticos do Hamas, Ismail Haniyeh, anunciou, em discurso transmitido na televisão, que o Hamas queria um acordo que pusesse fim à guerra, garantisse a retirada das forças israelenses de Gaza, devolvesse os palestinos deslocados às suas casas e fornecesse aos habitantes de Gaza todas as necessidades humanitárias.

Israel “quer recuperar os seus prisioneiros e depois retomar a guerra contra o nosso povo”, afirmou Haniyeh.

O líder do Hamas apelou aos mediadores para que informem ao grupo islâmico o momento em que Israel estiver de fato empenhado em acabar com a guerra, retirar-se de Gaza e permitir o regresso das pessoas deslocadas para o Norte. Nessa altura, segundo ele, o Hamas estará pronto para mostrar flexibilidade na questão do intercâmbio dos reféns.

“O inimigo deve compreender que pagará um preço na questão da troca, mas a principal prioridade é proteger o povo, acabar com as agressões e os massacres, devolver as pessoas deslocadas às suas casas e abrir um horizonte político para a nossa questão”, acrescentou.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em entrevista divulgada também nesse domingo, disse que não estava próximo um acordo de cessar-fogo. Ele deixou claro que gostaria de ver outra libertação de reféns. “Sem nova liberação, não haverá pausa nos combates”, afirmou Netanyahu.

Israel acredita que a capacidade militar e de governo do Hamas em Gaza devem estar esgotadas antes de haver acordo e antes do fim da guerra.

Os palestinos se prepararam para o celebrar o Ramadã a partir desta segunda-feira. Durante um mês, vão jejuar durante as horas de sol.

O clima de guerra entre Hamas e Israel, sem trégua à vista, já causou impacto em Jerusalém com medidas de segurança reforçadas pela polícia israelense.

Milhares de policiais foram mobilizados em torno das ruas estreitas da Cidade Velha de Jerusalém, onde dezenas de milhares de fiéis são esperados todos os dias no complexo da mesquita de Al Aqsa, um dos locais mais sagrados do Islã.

Em contraste com os anos anteriores, as decorações usuais ao redor da Cidade Velha não foram colocadas. Houve o mesmo tom sombrio em cidades da Cisjordânia ocupada, onde cerca de 400 palestinos foram mortos em confrontos com forças de segurança ou colonos judeus desde o início da guerra de Gaza.

“Decidimos este ano que a Cidade Velha de Jerusalém não será decorada por respeito ao sangue de nossos filhos e dos anciãos e mártires”, disse Ammar Sider, líder comunitário na Cidade Velha, citado pela Reuters.

A polícia israelense disse que trabalha para garantir um Ramadã pacífico, tomou medidas para reprimir o que descreveu como informações provocativas e distorcidas nas redes sociais e prendeu 20 pessoas suspeitas de incitamento ao terrorismo.

“A polícia de Israel continuará a agir e permitir a observância das orações do Ramadã em segurança no Monte do Templo, mantendo a proteção na área”, anunciaram as autoridades em comunicado.

Em um mercado em Rafah, cidade do Sul de Gaza onde quase 1,5 milhão de pessoas procuraram refúgio, os palestinos lamentaram ontem a escassez de alimentos e a incerteza do tempo de guerra no mês sagrado para os muçulmanos.

Entretanto, vai ser construído um cais temporário em Gaza e criado um corredor marítimo até o Chipre, para o enclave receber ajuda humanitária, o que não atenua os receios dos deslocados.

“É claro que este Ramadã é completamente diferente de todos os anteriores”, declarou Bassel Yassin, engenheiro agrícola.

Outro cidadão, Hassuna Tabib Hassnan, dentista deslocado da cidade de Gaza, no Norte, apontou incertezas “sobre como o mês terminaria em suas casas, numa tenda, à beira-mar no Norte ou no Sul”.

“Em vez de passar o Ramadã em casa, está claro que o viveremos no meio de dor e opressão”, disse.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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