O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira 5, em evento realizado em São Paulo, que os economistas erram há três anos as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Não sei porque alguém acredita no que a gente fala”, disse Campos Neto, ao avaliar a sucessão de equívocos.
Ao fazer a crítica, o presidente do BC respondia a uma questão sobre o papel das inovações financeiras no crescimento do PIB potencial do Brasil. PIB potencial é aquele em que existe crescimento, com a plena utilização dos recursos existentes na economia, mas sem que haja pressão inflacionária.
“A gente não tem estudo que correlacione o custo de intermediação financeira com o crescimento de PIB potencial”, afirmou Campos Neto. “Mas a gente sabe que uma coisa está ligada a outra. E tem essa conversa sobre se o PIB potencial aumentou.”
A seguir, ele observou: “Na verdade, a gente, os economistas vêm errando quase tudo de PIB há três anos, não sei porque alguém acredita no que a gente fala. Mas o fato é, dado que você está errando a três anos, tem de se perguntar: existe algum componente estrutural no meu erro?”.
Para Campos Neto, não há estudos definitivos sobre o tema, mas “alguns elementos dizem que sim”, ou seja, que é possível que o PIB potencial tenha avançado no Brasil, o que depende da melhora de fatores como o aumento da produtividade, principalmente.
Indícios desse movimento ascendente do potencial do produto estariam embutidos, por exemplo, em dados sobre a velocidade de fechamento e abertura de empresas no país. No caso das aberturas, observou o presidente do BC, houve grande melhora.
“Ela foi de quatro, cinco meses, e chegou a ser de seis meses em média, para uma coisa de menos de uma semana”, disse. “Em alguns casos, dois ou três dias.” Outro elemento que poderia colaborar para a estrutura econômica do país, acrescentou Campos Neto, seria a flexibilização na contratação e demissão da força de trabalho, a partir da reforma trabalhista.
Há divergências sobre o tamanho do PIB potencial hoje no Brasil. Alguns especialistas o colocam entre 1,5% e 1,9% ao ano. O governo trabalha com um índice mais alto, superior a 2%.
Com informações do portal Metrópoles
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