O volume de pedidos de demissão entre os jovens da geração Z têm chamado a atenção dos setores de Recursos Humanos. Mais de 7 milhões de pessoas saíram de trabalhos formais, da modalidade CLT, no ano passado, de acordo com uma pesquisa feita pela LAC Consultores, que usou os dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Entre as faixas etárias que mais se demitiram, a geração Z representou o maior número (39%), segundo a consultoria Robert Half.
- A geração Z é a definição sociológica da geração de pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010.
O dado tem causado preocupação nos setores de Recursos Humanos que, por sua vez, estão em busca das melhores práticas para reter talentos. A preocupação com o crescimento do turnover nas companhias não é à toa, já que o número de demissões voluntárias bateu recorde no Brasil em 2023.
Atualmente, diversas companhias têm diferentes gerações trabalhando juntas. Além de aspectos positivos, esse cenário traz consigo as diferentes expectativas destas gerações em relação ao trabalho. Para o analista de Marketing da Up Brasil, Jhonata Oliveira Lima, essa é uma oportunidade de as empresas revisarem suas diretrizes e cultura organizacional.
“Nós saímos de um cenário onde as pessoas tinham medo de pedir demissão, para outro em que as pessoas chegam ao ponto de gravar seus pedidos de demissão para postar nas redes sociais, e isso ocorre principalmente entre jovens da geração Z. Isso reflete uma insatisfação destes colaboradores com diversos aspectos tradicionais do trabalho que precisam ser analisados e sanados internamente”, alerta o analista.
No painel Gen Z at Work: Corporate ladder or career playground? (Geração Z no trabalho: escada corporativa ou playground de carreira?) da SXSW (South by Southwest, um dos maiores eventos de inovação cultura e tecnologia do mundo especialistas comentaram as motivações desta geração, que dentro de um ano representará um terço da força de trabalho no mundo.
“É certo que estamos lidando com novos paradigmas, a geração Z não tem o trabalho como algo centralizador, mas sim, a qualidade de vida. Eles preferem trabalhar para um propósito maior, de maneira flexível, e quando é possível conciliar essas expectativas, a tendência é de melhora nestas relações”, pondera Jhonata.
Lima afirma ainda que as empresas devem buscar soluções inovadoras para esse tipo de problema. “As companhias vão precisar remodelar suas culturas para se dedicar a pensar em como trazer o bem estar e a saúde mental para o ambiente de trabalho, colocando os colaboradores no centro de suas decisões”, indica.
Uma das tendências trazidas pela SXSW é o conceito do People First — em português, primeiro as pessoas. “Quando o RH se dedica a colocar o bem estar dos colaboradores como prioridade, ele só tem a ganhar em termos de produtividade, melhor ambiente de trabalho e consequentemente nos resultados das empresas”, explica o executivo.
Para ele, a mudança no cenário com o alto número de pedidos de demissão dos colaboradores pode estar relacionada a uma falta de alinhamento das expectativas das empresas e de seus colaboradores. “É importante investir em desenhar um bom plano de carreira com a previsão de promoções e aumentos salariais, bem como um conjunto de benefícios que faça sentido e entregue valor para os funcionários”, conclui.
AgoraRN