O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) denunciou nesta sexta-feira (25) repressão violenta sobre mulheres que não usam o véu islâmico, ou hijab, no Irã, visando principalmente as jovens entre 15 e 17 anos.
“Recebemos relatos de detenções e assédio generalizados de mulheres e jovens, muitas vezes com idade entre 15 e 17 anos”, disse um dos porta-vozes do Alto Comissariado, Jeremy Laurence, em entrevista.
Segundo ele, a entidade recebeu relatos indicando que “a polícia iraniana está utilizando repressão violenta em todo o país contra mulheres e jovens, e contra os homens que as apoiam, a fim de fazer cumprir as rigorosas leis do hijab.
Nos últimos meses, insistiu Laurence, a polícia tem “aplicado cada vez mais” essas leis.
O porta-voz indicou ainda que há informações de centenas de empresas que foram fechadas à força porque não aplicaram as leis do véu islâmico, bem como o uso de câmeras de vigilância para identificar as motoristas infratoras.
Em meados de abril, a polícia iraniana anunciou que tinha reforçado o controle sobre o uso obrigatório do véu pelas mulheres na rua, lamentando que seja cada vez menos respeitado.
Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a cobrir os cabelos em locais públicos.
Entretanto, cada vez mais mulheres aparecem sem véu, especialmente desde o movimento de protesto desencadeado pela morte, em setembro de 2022, de Mahsa Amini – uma jovem detida pela polícia dos costumes por violar o rigoroso código de vestuário em vigor no país.
O ACNUD explicou que o chefe do Corpo da Guarda Revolucionária (IRGC) anunciou, em 21 de abril, a criação de novo órgão responsável pelo cumprimento das leis sobre o véu islâmico.
Além disso, afirmou Laurence, o Alto Comissariado da ONU está “muito preocupado com o fato de um projeto de lei – intitulado Apoiar a família através da promoção da cultura da castidade e do hijab –, que pretende impor sanções mais severas, estar pronto para ser aprovado pelo Conselho dos Guardiões.
O Alto Comissariado apela também às autoridades iranianas para que anulem a sentença de morte do rapper Toomaj Salehi, detido pelo seu apoio ao movimento de protesto de 2022 no Irã, e apela à sua “libertação imediata e incondicional”.
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Agência Brasil