Pelo menos 800 mil palestinos abandonaram a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, nos últimos 13 dias, após a ofensiva militar israelense, informou neste sábado (18) a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados palestinos (UNRWA).
“Quase metade da população de Rafah, ou seja, 800 mil pessoas, está na estrada, tendo sido forçada a sair desde que as forças de Israel iniciaram a operação militar na região, em 6 de maio”, disse o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, na plataforma social X (ex-Twitter).
Israel intensificou os ataques contra Rafah nos últimos dias, numa ação descrita pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, como “operação precisa” contra “batalhões” do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Na cidade encontravam-se 1,4 milhão de pessoas antes do recrudescimento da ofensiva, a maioria deslocados de outras áreas do enclave palestiniano.
Em longo texto publicado na plataforma, Lazzarini disse que “quando as pessoas se deslocam, ficam expostas, sem passagem segura ou proteção”.
“Em todas as vezes são obrigadas a deixar para trás os poucos pertences que têm: colchões, tendas, utensílios de cozinha e bens de primeira necessidade que não podem carregar ou pagar para transportar. Todas as vezes têm de começar do zero, tudo de novo”, escreveu.
O representante da UNRWA acrescentou que os locais para onde os deslocados estão se dirigindo “não dispõem de abastecimento de água potável ou de instalações sanitárias”.
A ofensiva contra Rafah também implicou o controle do lado palestino da passagem fronteiriça com o Egito, com a interrupção das operações de ajuda, o que intensificou a grave crise humanitária no enclave devido à quase total ausência de fornecimentos após vários meses de guerra.
O líder da agência da ONU afirmou que a situação na região é “novamente muito agravada pela falta de ajuda e de mantimentos básicos”.
“A distribuição de ajuda é quase impossível sem importações regulares de combustível, sem telecomunicações estáveis”, acrescentou, diante do fechamento dos principais pontos de passagem para Gaza, devido à proximidade com zonas de combate.
“Os postos de passagem devem ser reabertos e seu acesso deve ser seguro. Sem a reabertura dessas rotas, a falta de assistência e as condições humanitárias catastróficas vão se manter”.
Para Lazzarini, é preciso alcançar um acordo de cessar-fogo.
“Qualquer nova escalada nos combates só irá causar mais estragos nos civis e impossibilitar a paz e a estabilidade que os israelenses e os palestinos desesperadamente precisam e merecem”, disse.
Apesar da limitação dos acessos nos pontos de passagem, o Programa Alimentar Mundial (PAM) confirmou hoje que 10 caminhões de alimentos, incluindo biscoitos de alto valor energético, arroz, massa e lentilhas, chegaram ao seu armazém por meio da doca flutuante no litoral de Gaza.
Citado pela ONU News, o Comando Central das Forças Armadas dos Estados Unidos, responsável pela construção da doca, anunciou que os caminhões começaram a circular aproximadamente às 9h locais dessa sexta-feira e que nenhuma tropa norte-americana desembarcou na área.
A ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza deixou mais de 35 mil mortos e cerca de 80 mil feridos em sete meses, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
O atual conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, de acordo com as autoridades israelenses.
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Agência Brasil