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Bandeiras da União Europeia na sede da Comissão Europeia em Bruxelas, Bélgica.
© Arquivo Reuters/Yves Herman/Direitos reservados

A União Europeia (UE) e vários dos seus países membros têm, nos últimos meses, lutado contra a campanha de desinformação russa que mira as eleições europeias. Os europeus acusam Moscou de estar contaminando as eleições ao espalhar notícias falsas através de ferramentas que se baseiam em inteligência artificial, como deepfakes e doppelgangers.

As eleições para o Parlamento Europeu de 2024 ocorrem entre esta quinta-feira (6) e domingo (9), nos 27 estados-membros da UE, sendo o dia do pleito escolhido de acordo com os costumes locais.

As acusações de interferência nas eleições não são novidade. Os Estados Unidos e o Reino Unido acusaram os russos de interferirem nas suas eleições e, agora, vários governos europeus também acusam Moscou de estar espalhando desinformação com o objetivo de influenciar o resultado das eleições ao Parlamento Europeu, que ocorrem no próximo fim de semana.

“Se voltarmos a 1917, à criação da Cheka – a primeira organização de inteligência da Rússia –, vemos que eles são os mestres da desinformação há mais de 100 anos”, diz Morgan Wright, consultor-chefe de segurança da SentinelOne, uma empresa norte-americana de segurança cibernética, em declarações à CNN.

“Eles usam as mesmas táticas há décadas. São as ferramentas que mudam – agora é a inteligência artificial e as redes sociais”, explica.

Essa influência russa nas eleições europeias está sendo feita através de ferramentas que se baseiam em inteligência artificial, como deepfakes e doppelgangers. Deepfakes são conteúdos de vídeo ou imagem que são adulterados com recursos de IA (IA). Já doppelganger é o nome atribuído a uma campanha de desinformação que consiste em criar clones de sites de notícias para difundir conteúdos fraudulentos e falsos.

No entanto, estas táticas estão se tornando cada vez mais sofisticadas e extravasando as redes sociais e plataformas online para os parlamentos e discursos políticos.

Na semana passada, as instalações do Parlamento Europeu foram alvo de buscas no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de ingerência da Rússia em território belga. De acordo com esta investigação, membros do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover a propaganda russa através do site de notícias Voz da Europa.

Os temas mais visados por esta campanha de desinformação são as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente e a crise climática.

Algumas destas notícias falsas transmitiram a ideia de que as energias renováveis pouco contribuem para a segurança da UE, que as turbinas eólicas provocam poluição tóxica e que o governo alemão desligou a iluminação pública para economizar eletricidade.

Essas informações chegaram ao Parlamento Europeu através da voz de políticos populistas. Deputados franceses e italianos chegaram a compartilhar a notícia falsa de que as políticas climáticas para reduzir a poluição proveniente da agricultura forçarão os cidadãos da UE a comer insetos.

Esta campanha de desinformação focada no clima é particularmente prejudicial para o partido ecologista Verde, que deverá perder vários deputados no Parlamento Europeu nas eleições deste ano.

A Rússia é acusada de ter lançado esta campanha de desinformação com o objetivo de desacreditar os governos europeus e desestabilizar a UE.

“A Rússia tem sido muito oportunista. Procura controvérsias e conflitos, ou qualquer questão atual que possa ser explorada”, diz Morgan Wright. “O objetivo é fazer com que as pessoas discutam entre si. Eles não se importam com a política climática”, explica.

Por sua vez, a Rússia nega que difunde desinformação e acusa o Ocidente de estar envolvido em uma guerra de informação em grande escala para destruir a reputação da Rússia.

A estratégia da UE para combater esta campanha de desinformação baseia-se no Regulamento dos Serviços Digitais, que visa especificamente conteúdos ilegais, publicidade enganosa e desinformação.

A Meta Platforms, a Google e o TikTok anunciaram medidas, incluindo a criação de equipes para combater a desinformação, o abuso de IA e a influência relacionada com as eleições para o Parlamento Europeu.

Os especialistas dizem, no entanto, que o esforço europeu neste combate é desarticulado, o que tem deixado os partidos vulneráveis a campanhas de desinformação e, por sua vez, levado ao crescimento dos partidos populistas e de extrema-direita.

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Agência Brasil

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