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A displaced Palestinian girl, who fled her house due to Israel's military offensive, sits outside her family's tent, in Rafah, in the southern Gaza Strip May 13, 2024. REUTERS/Mohammed Salem
© REUTERS/Mohammed Salem

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado hoje diz que mais da metade da população da Faixa de Gaza poderão enfrentar a morte e a fome “até meados de julho”, e em 21 países a insegurança alimentar aguda poderá deteriorar-se. 

A nova edição do relatório de alerta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) indicou que a situação em Gaza resulta do “impacto devastador do conflito, das fortes restrições ao acesso de bens e do colapso dos sistemas agro-alimentares locais”.

O relatório mostra como está exposta às situações mais graves de insegurança alimentar a totalidade da população da Faixa de Gaza, palco de conflito que começou em outubro do ano passado, na sequência do ataque dos islâmicos palestinos do Hamas a Israel, que eixou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo Tel Aviv. Em resposta, Israel lançou ataques que mataram mais de 36 mil pessoas, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.

De acordo com o relatório, a violência e os conflitos armados continuam a ser as principais causas de insegurança alimentar aguda em numerosos locais, que enfrentam deslocamentos generalizadas, destruição dos sistemas alimentares e redução do apoio humanitário.

Espera-se, assim, que o conflito na Palestina agrave “ainda mais o número de mortos, sem precedentes”, assim como a “destruição generalizada e o deslocamento de quase toda a população da Faixa de Gaza”.

“Estão surgindo ramificações regionais mais amplas que poderão agravar as já elevadas necessidades de segurança alimentar no Líbano e na Síria”, acrescentam as organizações, que estimam ainda aumentos nos custos dos alimentos no Iêmen diante da crise registrada no Mar Vermelho, o que irá agravar ainda mais a situação na região.

Os órgãos da ONU acrescentaram o Haiti à lista de locais que precisam de “atenção muito urgente”, por viver já em catástrofe ou em risco dessa classificação em breve, devido à escalada da violência.

Myanmar (antiga Birmânia), a Síria, o Líbano e Iêmen foram identificados como focos de grande preocupação.

Devido às intensificações de conflitos, Myanmar e Haiti poderão registar mais deslocamentos e restrições ao acesso a alimentos e à assistência.

O relatório lembra as consequências de conflitos no crescimento econômico, assim como as “tensões geopolíticas na região do Oriente Médio e norte da África e potenciais novas escaladas [que] continuam a ser um risco importante para a economia mundial”.

Para a insegurança alimentar contribuem também fenômenos meteorológicos extremos, como chuvas excessivas, tempestades tropicais, ciclones, inundações, secas e aumento da variabilidade climática, prevendo-se que o fenômeno meteorológico La Niña, entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, possa melhorar as perspectivas agrícolas, mas também inundações em países africanos e no Haiti.

FAO e PAM destacam a necessidade de “assistência urgente e reforçada em 18 focos de fome para proteger os meios de subsistência e aumentar o acesso aos alimentos”.

“Uma intervenção mais precoce pode reduzir as carências alimentares e proteger os ativos e meios de subsistência a custo inferior ao de uma resposta humanitária tardia”, concluiu o relatório, que também defendeu “mais investimentos em soluções integradas”.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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