O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou os planos anunciados pelos militares neste domingo (16), de realizar pausas táticas diárias nos combates ao longo de uma das principais estradas de Gaza, para facilitar a entrega de ajuda ao enclave palestino.
Os militares anunciaram as pausas diárias das 5h às 16h (hora local) na área do cruzamento de Kerem Shalom até a estrada de Salah al-Din e depois em direção ao norte.
“Quando o primeiro-ministro ouviu os relatos sobre a pausa humanitária de 11 horas, ele se dirigiu ao seu secretário militar e deixou claro que isso era inaceitável para ele”, disse uma autoridade israelense.
Os militares esclareceram que as operações normais continuariam em Rafah, o foco principal da operação no sul de Gaza, onde oito soldados foram mortos no sábado.
A reação de Netanyahu aumentou as tensões políticas sobre a questão da ajuda que chega a Gaza, onde organizações internacionais alertaram sobre uma crescente crise humanitária.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que lidera um dos partidos religiosos nacionalistas da coalizão governista de Netanyahu, denunciou a ideia de uma pausa tática, dizendo que quem a decidiu foi um “tolo” que deveria perder o emprego.
A discussão foi a mais recente de uma série de confrontos entre membros da coalizão e os militares sobre a condução da guerra, agora em seu nono mês.
Isso ocorreu uma semana depois que o ex-general centrista Benny Gantz deixou o governo, acusando Netanyahu de não ter uma estratégia eficaz em Gaza.
As divisões foram reveladas na semana passada, em votação parlamentar sobre uma lei de recrutamento de judeus ultraortodoxos para as Forças Armadas, com o ministro da Defesa Yoav Gallant votando contra, desafiando as ordens do partido.
Os partidos religiosos da coalizão se opuseram fortemente ao alistamento militar dos ultraortodoxos, provocando a ira generalizada de muitos israelenses, que se intensificou com o decorrer da guerra.
O tenente-general Herzi Halevi, chefe das Forças Armadas, disse neste domingo que havia uma “necessidade definitiva” de recrutar mais soldados da comunidade ultraortodoxa, que cresce rapidamente.
Apesar da crescente pressão internacional por um cessar-fogo, um acordo para interromper os combates ainda parece distante, mais de oito meses desde que o ataque de combatentes do Hamas a Israel, em 7 de outubro, desencadeou um ataque terrestre ao enclave pelas forças israelenses.
Desde o ataque, que matou cerca de 1.200 israelenses e estrangeiros em comunidades israelenses, a campanha militar de Israel matou mais de 37 mil palestinos, de acordo com dados do Ministério da Saúde palestino, e destruiu grande parte de Gaza.
Embora as pesquisas de opinião indiquem que a maioria dos israelenses apoia o objetivo do governo de destruir o Hamas, houve protestos generalizados, atacando o governo por não fazer mais para trazer de volta para casa cerca de 120 reféns que ainda estão em Gaza depois de terem sido feitos reféns em 7 de outubro.
Autoridades de saúde palestinas disseram que sete pessoas foram mortas em dois ataques aéreos contra duas casas no campo de refugiados de Al-Bureij, na região central da Faixa de Gaza.
Como os combates em Gaza continuaram, um conflito de nível mais baixo, na fronteira entre Israel e o Líbano, está agora ameaçando se transformar em guerra mais ampla, já que as trocas de tiros quase diárias entre as forças israelenses e a milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã, aumentaram.
Em mais um sinal de que os combates em Gaza podem se arrastar, o governo de Netanyahu disse hoje que estava prorrogando até 15 de agosto o período em que financiaria hotéis e pousadas para os moradores retirados das cidades da fronteira sul de Israel.
*(Reportagem adicional de Ari Rabinovitch, Maayan Lubell e Nidal al Mughrabi)
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Agência Brasil