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Venezuela's President Nicolas Maduro attends an event, in Caracas, Venezuela April 13, 2023. Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução
© Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução

Os imigrantes venezuelanos na América do Sul e na Europa dizem que tiveram dificuldades para se registrar para votar na eleição presidencial de seu país no domingo (28), com apenas uma pequena fração capaz de superar uma série de obstáculos burocráticos.

Embora mais da metade dos quase 8 milhões de venezuelanos que emigraram na última década tenham idade para votar, os números oficiais da autoridade eleitoral do país mostram que pouco menos de 68 mil estão registrados para votar no exterior.

Grupos de defesa dos eleitores apontaram problemas que vão desde consulados fechados até solicitações de documentos variados e, segundo eles, desnecessários.

As embaixadas da Venezuela em Buenos Aires, Bogotá, Madri e Montevidéu não responderam a pedidos de comentários sobre as dificuldades dos eleitores. 

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário sobre o motivo dos números gerais de registro serem tão baixos.

Essa votação é vista por grande parte da diáspora venezuelana como a última chance do país de resgatar sua economia de uma crise aguda e de voltar para casa.

Um quarto da população fugiu da turbulência econômica sob o comando do presidente Nicolás Maduro, o maior êxodo de refugiados da história recente registrado nas Américas.

Maduro, que está buscando um terceiro mandato na eleição de domingo, presidiu um colapso de 80% no Produto Interno Bruto (PIB,soma dos bens e serviços produzidos no país) desde que assumiu o cargo em 2013, e até mesmo ex-apoiadores importantes têm expressado apoio à oposição.

Espera-se que Madri, capital da Espanha, seja o maior local de votação dos venezuelanos no exterior no domingo.

No entanto, muitos cidadãos venezuelanos na Espanha foram deixados de fora do processo. A embaixada pediu a eles que mostrassem pelo menos 12 meses de sua permissão de residência na Espanha para serem elegíveis, disseram vários grupos de defesa dos eleitores.

No entanto, as pessoas a quem foi concedida residência por razões humanitárias têm sua autorização renovada anualmente, o que impossibilita o cumprimento da exigência.

“Eu só consegui porque tenho cidadania espanhola, a grande maioria não tem”, disse Eriana Zuleta, de 26 anos de idade, que se registrou em Madri.

A Reuters conversou com cinco venezuelanos na Espanha, que também disseram que não sabiam para qual seção eleitoral haviam sido designados.

Cerca de 24.772 venezuelanos devem votar na Espanha, uma pequena parte dos quase meio milhão de imigrantes venezuelanos no país.

“Essa campanha é diferente porque são as pessoas que estão mobilizadas, não os partidos políticos”, declarou Lorena Lima, 28 anos de idade, que disse não ter conseguido se registrar em Madri e fez uma greve de fome de cinco dias em protesto em março.

No Uruguai, o sistema de registro da autoridade eleitoral venezuelana exigia que os possíveis eleitores fizessem upload de uma autorização de residência válida por 5 anos.

Mas as autorizações de residência iniciais só são concedidas por 3 anos, disse Gustavo Becerra, que ajuda os imigrantes no processo de registro em Montevidéu. Menos de 500 pessoas da comunidade venezuelana de 33 mil no Uruguai conseguiram se registrar, acrescentou.

No Sul do Brasil, os eleitores disseram que enfrentaram um desafio diferente,  chegar à seção eleitoral da embaixada venezuelana, a cerca de 2.100 quilômetros de distância, na capital brasileira.

“Eu gostaria de votar, sempre votei na Venezuela”, manifestou Hector López, de 47 anos de idade, que mora em Porto Alegre e havia se registrado. “Mas é muito longe e não tenho dinheiro para viajar até Brasília”.

De longe, o maior número de venezuelanos que deixaram seu país se estabeleceu na vizinha Colômbia, cerca de 2,8 milhões.

Mas apenas 7 mil deles conseguiram se registrar para votar, de acordo com dados da autoridade eleitoral do país.

Juan Carlos Viloria, um médico venezuelano que ajuda a administrar um grupo de defesa dos imigrantes na cidade portuária colombiana de Barranquilla, disse que fez “todo o possível”, inclusive reunir documentos e ir pessoalmente ao consulado local, mas o registro foi negado. Ele disse que não sabia o motivo da recusa.

Na Argentina, a embaixada venezuelana ficou fechada devido a problemas técnicos durante duas semanas do período de um mês em que os cidadãos deveriam se registrar, disseram os ativistas da oposição.

A oposição boicotou a disputa de 2018, quando Maduro venceu, o que os Estados Unidos e outros dizem ter sido uma reeleição fraudulenta, mas desta vez o candidato da coalizão da oposição, Edmundo González, incentivou os apoiadores a votar.

González, que atraiu um apoio significativo, aproveitou o desejo dos eleitores de reunir as famílias separadas pela imigração, dizendo que os imigrantes podem retornar se houver mudanças e promovendo o slogan “nós os traremos para casa”.

Carmen Chourio deixou a Venezuela há três anos e agora vive em Porto Alegre, trabalhando como faxineira. Ela chorou ao relembrar as dificuldades que a fizeram deixar seu país. “Trinta anos de governo ruim tornaram a vida impossível”, disse.

Ela não tem os documentos necessários para votar, mesmo que conseguisse chegar a Brasília.

Agência Brasil

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