A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou, nesta segunda-feira (19), para a deterioração da segurança da central nuclear ucraniana de Zaporizhia, sob ocupação russa desde 2022, após a explosão de um drone perto do complexo.
A central, a maior do gênero na Europa, não tem reatores em funcionamento desde 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início a uma guerra que está no terceiro ano.
“As centrais nucleares são concebidas para resistir a falhas técnicas e humanas e a eventos externos, mesmo extremos, mas não são construídas para resistir a um ataque militar direto”, disse o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi.
Os inspetores da agência foram informados no sábado (17) da explosão de um drone perto dos tanques de pulverização de água de arrefecimento, a cerca de 100 metros da linha elétrica de Dniprovska, a única que ainda fornece energia à central.
Embora a detonação não tenha causado vítimas ou danos à infraestrutura de Zaporizhia, afetou a estrada entre os dois portões principais da central, segundo a AIEA, citada pela agência espanhola EFE.
“Mais uma vez, estamos assistindo uma escalada dos riscos de segurança nuclear na central”, alertou Grossi em comunicado divulgado em Viena, sede da AIEA.
O chefe da agência da ONU pediu a “máxima contenção” de todas as partes.
Na semana passada, os inspetores da agência examinaram também um incêndio em uma das torres de arrefecimento, que danificou a central.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou a acusação à Rússia de “chantagear o mundo” com um desastre nuclear desde que assumiu o controle da central Zaporizhia.
“A Rússia está chantageando o mundo com a ameaça de um desastre na central nuclear de Zaporizhia, utilizando o território da instalação como plataforma para ataques contra Nikopol e outras comunidades próximas”, denunciou nas redes sociais.
Zelensky defendeu que só quando a Ucrânia conseguir retomar o controle dessas instalações é que as normas de segurança voltarão a ser cumpridas, como tem demonstrado nas últimas décadas.
“A presença criminosa da Rússia na central de Zaporizhia deve terminar”, acrescentou.
Os inspetores da AIEA estão presentes igualmente nas centrais elétricas com reatores nucleares Sul da Ucrânia, Khmelnitsky, Rivne e Chernobyl, diante dos “frequentes alarmes de ataques aéreos e de drones’”.
Os últimos incidentes alimentam as tensões entre a Ucrânia e a Rússia, que se acusam mutuamente de ataques ou atos de sabotagem na central de Zaporizhia.
Os reatores de foram desligados em 2022 por razões de segurança, embora ainda precisem ser resfriados de forma constante.
O diretor-geral da AIEA, que tem apelado repetidamente para a criação de um perímetro de segurança em torno da central, manifestou a intenção de avaliar de perto a situação numa nova visita ao complexo.
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporizhia.
O país registou o acidente mais grave de sua história numa central nuclear, a de Chernobyl, em 1986, quando integrava a União Soviética.
Chernobyl tem três reatores desativados, e os destroços do que sofreu o acidente foram selados com um sarcófago.
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Agência Brasil