Israel disse que atingiu a sede da inteligência do Hezbollah na capital libanesa, Beirute, neste domingo (20), enquanto as autoridades em Gaza disseram que ainda estavam tentando recuperar corpos dos escombros após um ataque israelense que matou dezenas de pessoas.
Pelo menos 87 pessoas estavam mortas ou desaparecidas após o ataque aéreo em Beit Lahiya, no norte de Gaza, na noite de sábado (19), informou o Ministério da Saúde do território palestino, um dos maiores números de mortos registrados nos últimos meses em um único ataque. Israel disse que estava investigando os relatos do incidente.
O incidente marcou a intensificação das ofensivas de Israel contra o grupo militante palestino Hamas em Gaza e contra o Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, dias após o assassinato do líder do Hamas Yahya Sinwar ter aumentado as esperanças de uma abertura para negociações de cessar-fogo para pôr fim a mais de um ano de conflito no Oriente Médio.
Com a aproximação das eleições nos Estados Unidos, autoridades, diplomatas e outras fontes da região dizem que Israel está buscando, por meio de operações militares, proteger suas fronteiras e garantir que seus rivais não possam se reagrupar.
Israel também está se preparando para retaliar um bombardeio com mísseis iraniano neste mês, embora Washington tenha pressionado para que não sejam atacadas instalações energéticas ou nucleares iranianas.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que foi alvo de uma tentativa de assassinato pelo “Hezbollah, representante do Irã” no sábado, quando um drone foi direcionado à sua casa de férias. Em uma ligação com o ex-presidente dos EUA Donald Trump, o primeiro-ministro reiterou que Israel tomará decisões com base em seus próprios interesses, de acordo com uma declaração do gabinete de Netanyahu.
O governo de Israel rejeitou várias tentativas dos Estados Unidos, seu principal aliado e apoiador militar, de intermediar o cessar-fogo em Gaza e no Líbano.
Em Gaza, o Ministério da Saúde disse que as operações de resgate após o ataque em Beit Lahiya estavam sendo prejudicadas por problemas de comunicação e pelas operações militares israelenses em andamento.
O ataque ocorreu duas semanas depois de um outro à cidade de Jabalia, ao sul de Beit Lahiya, onde as tropas israelenses apoiadas por tanques têm tentado eliminar os combatentes remanescentes do Hamas.
Israel disse que o ataque atingiu um alvo do Hamas, questionando um número anterior de 73 mortos divulgado pelo escritório de imprensa do Hamas.
Mais de 5.000 palestinos deixaram Jabalia por rotas designadas, disse o porta-voz militar israelense Avichay Adraee na plataforma de mídia social X.
As ordens de retirada que direcionam as pessoas para o sul alimentaram temores entre muitos palestinos de que a operação tem a intenção de retirá-los da parte norte de Gaza para ajudar a garantir o controle israelense da área após a guerra.
Israel negou tais planos, dizendo que está tentando proteger os civis e separá-los dos combatentes do Hamas.
A ofensiva israelense, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, fez com que a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza ficasse desabrigada, causou fome generalizada e destruiu hospitais e escolas.
No Líbano, Israel intensificou seu bombardeio no sul de Beirute a partir da tarde de sábado. Neste domingo, Israel disse que sua força aérea atacou a sede da inteligência do Hezbollah em Beirute, bem como uma oficina subterrânea para a produção de armas.
Caças mataram três comandantes do Hezbollah, incluindo Alhaj Abbas Salameh, figura sênior do comando sul do grupo, disseram os militares israelenses em um comunicado.
Testemunhas da Reuters viram fumaça saindo dos subúrbios ao sul de Beirute, que já foi uma zona densamente povoada e que também abrigava escritórios e instalações subterrâneas do Hezbollah.
O exército libanês disse neste domingo que três de seus soldados foram mortos em um ataque israelense a um veículo do exército no sul do Líbano.
O Hezbollah não fez nenhum comentário imediato sobre os ataques, mas disse que havia disparado mísseis contra as forças israelenses no Líbano e em uma base no norte de Israel.
Os combates entre Israel e o Hezbollah eclodiram há um ano, quando o grupo apoiado pelo Irã começou a lançar foguetes em apoio ao Hamas.
* Reportagem de Nidal al-Mughrabi no Cairo, Amina Ismail em Beirute e Clauda Tanos em Dubai
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Agência Brasil