Os Estados Unidos (EUA) vetaram nesta quarta-feira (20) resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para um cessar-fogo em Gaza, atraindo críticas ao governo Biden por mais uma vez bloquear a ação internacional destinada a interromper a guerra de Israel com o Hamas.
O conselho de 15 membros votou a resolução apresentada por dez membros não permanentes que pedia “cessar-fogo imediato, incondicional e permanente” no conflito de 13 meses e exigia separadamente a libertação dos reféns.
Somente os EUA votaram contra, usando o veto a que têm direito como membro permanente do conselho para bloquear a resolução.
Robert Wood, embaixador adjunto dos EUA na ONU, disse que Washington havia deixado claro que só apoiaria uma resolução que exigisse explicitamente a libertação imediata dos reféns como parte de um cessar-fogo.
“Um fim duradouro para a guerra deve vir com a libertação dos reféns. Esses dois objetivos urgentes estão intrinsecamente ligados. A resolução abandonou essa necessidade e, por esse motivo, os Estados Unidos não puderam apoiá-la”, afirmou.
Wood disse que os EUA buscavam um compromisso, mas o texto da resolução proposta teria enviado “mensagem perigosa” ao grupo militante palestino Hamas de que “não há necessidade de voltar à mesa de negociações”.
A campanha de Israel em Gaza já matou quase 44 mil pessoas e deslocou quase toda a população do enclave. Ela foi lançada em resposta a um ataque de combatentes liderados pelo Hamas, que mataram 1.200 pessoas e capturaram mais de 250 reféns em 7 de outubro de 2023.
Integrantes do conselho criticaram duramente os EUA por bloquearem a resolução apresentada pelos dez membros eleitos do conselho: Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça.
“É profundamente lamentável que, devido ao uso do veto, este conselho tenha, mais uma vez, deixado de cumprir sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais”, disse a embaixadora de Malta na ONU, Vanessa Frazier, após o fracasso da votação, acrescentando que o texto da resolução não era de forma alguma maximalista. “Ele representava o mínimo necessário para começar a lidar com a situação desesperadora no local”, afirmou.
Especialistas em segurança alimentar alertaram que a fome é iminente entre os 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
O presidente dos EUA, Joe Biden, que deixa o cargo em 20 de janeiro, ofereceu a Israel forte apoio diplomático e continuou a fornecer armas para a guerra, enquanto tentava, sem sucesso, intermediar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que permitiria a libertação de reféns em troca de palestinos detidos por Israel.
*(Reportagem adicional de Daphne Psaledakis)
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Agência Brasil