Israel está prestes a aprovar um plano dos Estados Unidos para um cessar-fogo com o grupo libanês Hezbollah, nesta terça-feira (26), disse uma autoridade israelense sênior, abrindo caminho para o fim do conflito que matou milhares de pessoas desde que foi deflagrado pela guerra de Gaza há 14 meses.
Esse otimismo foi compartilhado pelo ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, que expressou esperança, durante uma reunião do G7 na Itália, de que um cessar-fogo seria alcançado até a noite de hoje.
O gabinete de segurança de Israel deve se reunir ainda nesta terça para discutir e provavelmente aprovar o texto em uma reunião presidida pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Isso abriria caminho para uma declaração de cessar-fogo do presidente dos EUA, Joe Biden, e do presidente da França, Emmanuel Macron, disseram fontes libanesas seniores à Reuters na segunda-feira (25).
Em Washington, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca John Kirby afirmou ontem: “Estamos perto”, mas “nada está feito até que tudo esteja feito”. A Presidência da França disse que as discussões sobre um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, tiveram um progresso significativo.
O acordo exige que as tropas israelenses se retirem do Sul do Líbano e que o Exército libanês se posicione na região – um reduto do Hezbollah – dentro de 60 dias, segundo as autoridades, juntamente com forças de paz das Nações Unidas. O Hezbollah encerraria sua presença armada ao longo da fronteira ao sul do rio Litani.
A proposta já foi aprovada em Beirute, onde o vice-presidente do parlamento libanês, Elias Bou Saab, disse à Reuters na segunda-feira que não havia mais obstáculos sérios para começar a implementá-la – a menos que Netanyahu mudasse de ideia.
Os sinais de um avanço diplomático foram acompanhados por uma escalada militar. Nesta terça-feira, ataques aéreos israelenses demoliram mais subúrbios doo sul de Beirute controlados pelo Hezbollah, enquanto o grupo armado manteve os disparos de foguetes contra Israel.
A destruição generalizada deixada pelos ataques aéreos israelenses trouxe à tona uma enorme conta de reconstrução que aguarda o Líbano, com mais de 1 milhão de pessoas desalojadas e muitas delas desabrigadas no inverno.
Em Israel, um cessar-fogo abrirá caminho para que 60 mil pessoas retornem às suas casas no Norte, após saírem quando o Hezbollah começou a disparar foguetes em apoio ao seu aliado palestino Hamas, um dia após o ataque desse grupo em 7 de outubro de 2023.
O alto representante da União Europeia para a Política Externa pediu, nesta terça, que Israel aprove o acordo de cessar-fogo com o Hezbollah. Segundo Josep Borrell, a proposta de trégua discutida no Líbano tem todas as garantias de segurança necessárias para Israel.
A participar da reunião do G7 na Itália, Borrell sustentou que não há desculpa para não implementar o acordo, que tem apoio do Irã, acrescentando que Israel deve ser pressionado para aprová-lo imediatamente.
“Vamos torcer para que hoje Netanyahu aprove o acordo de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e pela França. Sem mais desculpas. Sem mais solicitações adicionais”, disse Borrell, criticando os ministros israelenses que se manifestaram contra o acordo.
Israel tem atacado fortemente o Hezbollah desde que iniciou a ofensiva contra o grupo em setembro, matando seu líder Sayyed Hassan Nasrallah e outros comandantes importantes, além de bombardear áreas do Líbano onde o grupo tem domínio.
“Com relação ao cessar-fogo, acho que ele será implementado. Os dois lados estão cansados, os dois lados estão cansados”, disse Selim Ayoub, um mecânico de 37 anos dos subúrbios do sul de Beirute.
No último ano, mais de 3.750 pessoas foram mortas no Líbano e mais de um milhão foram forçadas a deixar suas casas, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, que não faz distinção entre civis e combatentes em seus números.
Os ataques do Hezbollah mataram 45 civis no norte de Israel e nas Colinas de Golã ocupadas por Israel. Pelo menos 73 soldados israelenses foram mortos no Norte de Israel, nas Colinas de Golã e em combate no Sul do Líbano, de acordo com as autoridades israelenses.
Agência Brasil