O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarou lei marcial na nesta terça-feira (3), em uma ação que surpreendeu os sul-coreanos e desencadeou uma tentativa de tropas entrarem no Parlamento, enquanto parlamentares e manifestantes rapidamente expressavam oposição ao mais sério desafio à democracia do país desde a década de 1980.
O presidente do Parlamento declarou inválido o anúncio da lei marcial e os parlamentares votaram pela rejeição da declaração na madrugada de quarta-feira (horário local).
A medida de Yoon, que ele declarou ter como alvo seus adversários políticos, teve a oposição veemente até mesmo do líder de seu próprio partido, Han Dong-hoon, que estava presente na votação no Parlamento e que entrou em conflito com Yoon sobre a forma como o presidente lidou com escândalos recentes.
Mais cedo, imagens ao vivo de televisão mostraram tropas com capacetes, aparentemente encarregadas de impor a lei marcial, tentando entrar no prédio da Assembleia, e assessores parlamentares foram vistos tentando empurrar os soldados para trás, borrifando extintores de incêndio.
Yoon disse nesta terça-feira que os partidos de oposição haviam tomado o processo parlamentar como refém. Ele prometeu erradicar “as desavergonhadas forças antiestatais pró-Coreia do Norte” e disse que não tinha escolha a não ser tomar a medida para salvaguardar a ordem constitucional.
Pouco depois de Yoon fazer seu anúncio na TV ao vivo, as pessoas começaram a se reunir do lado de fora do prédio do Parlamento, algumas delas gritando: “Retirem a lei marcial de emergência!”. “Prendam Yoon Suk Yeol”, gritavam outros.
Os militares disseram que as atividades do Parlamento e dos partidos políticos seriam proibidas, e que a mídia e publicações estariam sob o controle do comando da lei marcial.
Yoon não citou nenhuma ameaça específica da Coreia do Norte, que tem armas nucleares, concentrando-se em seus oponentes políticos internos. É a primeira vez desde 1980 que a lei marcial é declarada na Coreia do Sul.
O país teve uma série de líderes autoritários no início de sua história, mas tem sido considerado democrático desde a década de 1980.
A moeda sul-coreana, o won, teve uma queda acentuada em relação ao dólar. Uma autoridade do banco central disse que estava preparando medidas para estabilizar o mercado, se necessário. O Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, convocou uma reunião de emergência entre as principais autoridades econômicas, informou seu porta-voz em uma mensagem de texto.
O antecessor de Yoon, Moon Jae-in, do Partido Democrático, disse em um post no X que a democracia do país está em crise. “Espero que a Assembleia Nacional aja rapidamente para proteger nossa democracia de desmoronar”, escreveu ele em uma postagem.
“Peço às pessoas que unam forças para proteger e salvar a democracia e para ajudar a Assembleia Nacional a funcionar normalmente.”
Os Estados Unidos estão em contato com o governo sul-coreano e estão monitorando a situação de perto, disse um porta-voz da Casa Branca.
Cerca de 28,5 mil soldados norte-americanos estão estacionados na Coreia do Sul para se protegerem contra o Norte. Um porta-voz do comando militar dos EUA não respondeu a várias ligações telefônicas.
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Agência Brasil