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Parlamento francês, Assembleia Nacional da França
© Christophe Petit Tesson/Arquivo/EFE

Parlamentares franceses votarão nesta quarta-feira (4) moção de desconfiança que deverá derrubar a frágil coalizão de Michel Barnier, aprofundando a crise política na segunda maior economia da zona do euro.

Seria o primeiro governo francês a ser forçado a sair por uma votação de desconfiança em mais de 60 anos, num momento em que o país está lutando para controlar enorme déficit orçamentário.

O debate está programado para começar às 16h (12h em Brasília) e a votação ocorrerá cerca de três horas depois, segundo autoridades do Parlamento. O presidente Emmanuel Macron, que está em visita de Estado à Arábia Saudita, retornará à França nesse dia.

O colapso do governo deixaria um buraco no coração da Europa, com a Alemanha também em período eleitoral, semanas antes de o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltar à Casa Branca.

Após semanas de tensão, a crise política chegou ao ápice quando Barnier, que é primeiro-ministro há apenas três meses, disse que tentaria fazer com que a parte do orçamento referente à seguridade social fosse aprovada no Parlamento sem votação, depois de não conseguir o apoio do partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen.

A comitiva de Barnier e o grupo de Le Pen, que vinha sustentando a coalizão minoritária, culparam um ao outro. Disseram ter feito o possível para chegar a um acordo a fim de reduzir os gastos com benefícios e que estavam abertos ao diálogo.

“Censurar o orçamento é para nós a única maneira que a Constituição nos dá para proteger os franceses”, disse Le Pen aos repórteres ao chegar ao Parlamento nesta terça-feira.

A esquerda e a extrema-direita juntas têm votos suficientes para derrubar Barnier. Le Pen confirmou que seu partido votaria em uma medida de desconfiança de uma aliança de esquerda. A moção de desconfiança do próprio RN não teria o apoio de um número suficiente de parlamentares.

O ministro das Finanças, Antoine Armand, disse à France 2 TV que os políticos tinham a responsabilidade de “não mergulhar o país na incerteza”.

Se a votação de desconfiança realmente for aprovada, Barnier terá que apresentar renúncia, mas Macron poderá pedir que ele permaneça na função de interino enquanto procura novo primeiro-ministro, o que poderá ocorrer somente no próximo ano.

Se o Parlamento não tiver adotado o orçamento até 20 de dezembro, o governo interino poderá propor legislação especial de emergência para rever os limites de gastos e as disposições fiscais deste ano. Mas isso significaria que as medidas de economia planejadas por Barnier seriam deixadas de lado.

*(Reportagem adicional de Nicolas Delame)

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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