O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, sobreviveu neste sábado a uma votação de impeachment no parlamento liderado pela oposição, motivada pela tentativa de curta duração de impor a lei marcial nesta semana, depois que membros de seu partido boicotaram a sessão.
Foram registrados apenas 195 votos, abaixo dos 200 necessários para que a votação fosse contada, e a moção foi descartada.
“A nação inteira está assistindo à decisão que está sendo tomada hoje aqui na Assembleia Nacional. O mundo está assistindo”, disse o Presidente da Assembleia, Woo Won-shik, acrescentando que era lamentável que não houvesse um número suficiente de legisladores participando para que os votos fossem computados.
O Partido Democrático, principal partido de oposição, prometeu tentar novamente, enquanto o partido de Yoon disse que encontraria uma maneira “mais ordenada e responsável” de resolver a crise.
Yoon chocou a nação na noite de terça-feira (3), quando concedeu aos militares amplos poderes emergenciais para erradicar o que chamou de “forças antiestatais” e superar opositores políticos obstrucionistas.
Ele voltou atrás com relação à ordem seis horas mais tarde, depois que o parlamento desafiou os cordões militares e policiais para votar unanimemente contra seu decreto. Mas a medida mergulhou a quarta maior economia da Ásia e principal aliada militar dos EUA em sua maior crise política em décadas, ameaçando abalar a reputação da Coreia do Sul como uma história de sucesso democrático.
A oposição precisava de pelo menos oito votos do Partido do Poder Popular, de Yoon, para alcançar a maioria de dois terços necessária para o impeachment. Quando os legisladores do PPP saíram após votarem em uma moção separada, algumas pessoas gritaram e xingaram. Apenas três membros do partido conservador de Yoon votaram.
O presidente pediu desculpas à nação na manhã de sábado, mas resistiu aos apelos para que renunciasse antes da votação.
Seu partido disse que não poderia permitir uma repetição do impeachment de 2016 da então presidente Park Geun-hye, que deixou o cargo após meses de protestos por causa de um escândalo de tráfico de influência. Sua queda provocou a implosão do partido e a vitória dos liberais nas eleições presidenciais e gerais.
O discurso televisionado de sábado foi a primeira aparição pública de Yoon desde que ele rescindiu a ordem da lei marcial.
“Deixo a cargo do meu partido tomar medidas para estabilizar a situação política no futuro, incluindo a questão do meu mandato”, disse ele no discurso à nação, prometendo que não haveria uma segunda tentativa de impor a lei marcial.
De pé em frente à bandeira sul-coreana, Yoon se curvou após terminar seus breves comentários, olhando solenemente para a câmera por um momento.
Han Dong-hoon, líder do partido de Yoon, disse após o discurso que o presidente não estava mais em condições de exercer suas funções públicas e que sua renúncia era inevitável.
Se Yoon deixar o cargo antes do término de seu mandato único de cinco anos em maio de 2027, a constituição exige uma eleição presidencial dentro de 60 dias após sua saída.
A lei marcial foi declarada mais de uma dúzia de vezes desde que a Coreia do Sul foi estabelecida como uma república em 1948, a última vez em 1980.
*Reportagem de Cynthia Kim, Ju-min Park, Joyce Lee, Eduardo Baptista, Jack Kim, Josh Smith e Hyunsu Yim)
Agência Brasil