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Abertura da 5ª Semana de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, na Rodoviária Interestadual de Brasília.
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O número global de vítimas de tráfico humano voltou a aumentar (25%), após recuar durante a pandemia de covid-19, com mulheres e meninas a continuarem em maioria, informou nesta quarta-feira (11) o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

As conclusões são do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2024, que abrange 156 países de todas as regiões e sub-regiões do mundo (95% da população mundial), com dados do período 2020-2022 e outros preliminares de 2023 fornecidos apenas por 72 Estados.

O relatório aponta aumento de 25% no número de vítimas de tráfico detectadas globalmente em 2022, em comparação com os números pré-pandemia de 2019. Entre 2019 e 2022, o número global de vítimas de tráfico para trabalho análogo à escravidão aumentou 47%. 

No total, entre 2020 e 2023, o número de vítimas de tráfico registradas pelos Estados-Membros chegou a 202.478.

“Essa tendência pode ser atribuída ao aumento de 31% em crianças notificadas, em comparação com o período anterior à pandemia de covid-19”, diz o relatório

As vítimas são traficadas globalmente por meio de número crescente de rotas internacionais, com vítimas africanas para o maior número de destinos.

Em 2022, a maioria das vítimas de tráfico humano era de mulheres e meninas (61%). Embora tenha aumentado o número de vítimas menores de idade desde 2019, os adultos continuam a ser a faixa etária mais observada, e as mulheres adultas representam 39% das vítimas.

A maioria das mulheres e meninas identificadas entre as vítimas continua a ser traficada para fins de exploração sexual. No entanto, as vítimas femininas são também traficadas em grande número para trabalho forçado, particularmente doméstico, e para outros tipos de exploração, incluindo casamentos forçados e criminalidade.

Enquanto as edições anteriores desse relatório mostraram como o tráfico de crianças, especialmente no contexto de trabalho forçado, normalmente ocorria em países de baixos rendimentos, dados recentes indicam que, embora o tráfico de crianças ainda seja detectado nessas áreas, um aumento de casos tem sido registrado nos países de altos rendimentos.

Isso ocorre principalmente no caso de meninas traficadas para exploração sexual (60%).

“O tráfico de meninas para fins de exploração sexual tem aumento alarmante em muitas regiões do mundo, diz o levantamento. A comunidade internacional e as autoridades nacionais devem aumentar os esforços para prevenir essa forma de tráfico, para garantir investigações centradas na vítima e informadas sobre o trauma, assim como programas de proteção e assistência personalizados para meninas atingidas”, afirmou o UNODC.

O número crescente de crianças ao longo das rotas migratórias pode explicar o crescente número de meninos traficados. Após a pandemia, mais crianças desacompanhadas e separadas foram registadas nas fronteiras da Europa e América do Norte, regiões onde mais meninos são vítimas de tráfico.

“Em 2022, crianças representaram 38% das vítimas notificadas globalmente. Meninas (22% do total de vítimas) foram mais tipicamente traficadas para exploração sexual e, em menor extensão, para trabalho forçado e outras formas de exploração, como casamento forçado. Meninos (16%) foram principalmente traficados para trabalho forçado e outras formas de exploração, tipicamente criminalidade forçada”, acrescenta o levantamento.

Desde 2019, foi registrado aumento de aproximadamente 31% nas vítimas infantis, 38% entre meninas.

No contexto de conflitos em andamento e desastres induzidos pelo clima, o risco de tráfico de pessoas está aumentando como uma das consequências diretas da instabilidade global e das mudanças climáticas, resultando em populações deslocadas à força. 

Num olhar mais amplo para os tipos de tráfico humano, desde 2019 o trabalho forçado registou maiores aumentos (por 100 mil habitantes) do que o tráfico para exploração sexual e outras finalidades.

“O tráfico para trabalho forçado aumentou em 47% globalmente, quando comparado com o período anterior do início da pandemia de covid-19”, segundo o levantamento do UNODC.

Embora o tráfico para trabalho forçado seja agora mais detectado do que para exploração sexual, muito menos traficantes são condenados por esse crime.

Em 2022, mais de 70% dos traficantes foram condenados por tráfico para fins de exploração sexual e apenas 17% foram condenados por tráfico para trabalho forçado, em contraste com 42% das vítimas notificadas em 2022.

De acordo com o UNODC, a maior parte do tráfico de pessoas é praticada por grupos do crime organizado. 

Em 2022, os homens representavam cerca de 70% dos investigados, processados e condenados por tráfico de pessoas. O número de pessoas condenadas globalmente voltou a ficar um pouco abaixo dos níveis de 2019, mas com aumento de cerca de 36% em comparação a 2020.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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