Eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e secas prolongadas, têm se tornado cada vez mais frequentes, comprometendo a infraestrutura das cidades. Nesse contexto, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em colaboração com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e a Secretaria Municipal de Educação (SME), desenvolveu o projeto de extensão Monitorando chuva na minha escola: engajamento da rede pública de ensino de Natal como uma estratégia de análise de eventos extremos e adaptação às mudanças climáticas.
A proposta é monitorar as condições climáticas da cidade, além de engajar crianças e educadores na conscientização sobre a importância do conhecimento climático para a adaptação urbana e a prevenção de desastres. Ao transformar escolas em pontos de coleta de dados, o projeto busca criar um banco de informações essencial para políticas públicas, capacitando as futuras gerações a entenderem e enfrentarem os desafios das mudanças climáticas de maneira mais informada e proativa.
Pluviômetros foram instalados em diversas escolas municipais com o objetivo de registrar, em tempo real, a distribuição da precipitação em diferentes áreas da cidade. Inicialmente, 32 Centros Municipais de Educação Infantil (Cemei) serão contemplados com a instalação dos equipamentos, mas a meta é expandir para 80 unidades de ensino ainda em 2025.
Além dos pluviômetros, o projeto envolve atividades educativas que buscam sensibilizar crianças, que tenham entre 6 e 10 anos, sobre a importância do monitoramento das chuvas e os impactos das mudanças climáticas. “Esse é um projeto de educação ambiental pois, ao ensinar as crianças sobre as chuvas e seus efeitos, estamos formando cidadãos conscientes, preparados para lidar com os desafios climáticos que a cidade enfrenta”, explica Cláudio Santos, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas (DCAC/UFRN) e coordenador do projeto.
Um ponto fundamental para o sucesso da ação é a parceria entre a UFRN, a Semurb e a SME. A Semurb tem contribuído com a estrutura necessária para implementar o monitoramento, enquanto a SME tem facilitado a integração do projeto nas escolas, aproveitando a rede de ensino para disseminar o conhecimento.
Os professores dos Cemeis têm se mostrado entusiastas da iniciativa, utilizando os dados de precipitação como ferramentas pedagógicas para promover discussões sobre o meio ambiente e mudanças climáticas nas salas de aula. “É incrível o que os professores fazem e estão fazendo conosco na rede municipal de educação. E as crianças, que são os principais responsáveis, são os nossos monitores de chuva. Nós estamos gerando, junto com as crianças e com os professores, um ambiente de cooperação e de entendimento de que o problema não é só nosso”, destaca Cláudio Santos.
Objetivos
Um dos principais objetivos do projeto é fornecer dados precisos sobre a distribuição da chuva em Natal, criando um banco de informações que poderá subsidiar políticas públicas de gestão hídrica e urbana. A ação visa, ainda, estimular a conscientização ambiental nas escolas, envolvendo mais de 10 mil alunos nas atividades de monitoramento.
A iniciativa também pretende ensinar as crianças sobre os riscos ambientais e sobre como as condições climáticas afetam diretamente as comunidades, especialmente as mais vulneráveis. “A chuva intensa complica a vida de toda a cidade, mas são as populações mais vulneráveis, que vivem em áreas de risco, que sofrem as consequências mais graves”, destaca o coordenador do projeto.
O coordenador do projeto explica que ao monitorar a chuva nas escolas e em casa, as crianças acabam se tornando agentes multiplicadores, levando para as famílias o aprendizado sobre a importância do monitoramento climático e a prevenção de desastres. “O projeto ajuda a avaliar o que é uma chuva intensa e a entender como ela pode impactar a vida cotidiana. O principal legado é a conscientização sobre os riscos e o engajamento da comunidade na busca por soluções”, complementa Cláudio Santos.