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PESQUISA IFRN DD 222

Pesquisadores do Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (Navi) do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) concluíram em 2024 a pesquisa “Estudo Para Desenvolvimento em Escala Industrial, Validação Pré-Clínica e Homologação do Osseus – Dispositivo Biomédico para Auxílio no Diagnóstico de Doenças Osteometabólicas”, que traz um novo equipamento para exames de porosidade óssea.

O estudo foi coordenado por João Paulo Queiroz dos Santos e Agnaldo Souza Cruz e contou com a participação de professores, estudantes e pesquisadores do Instituto e também de instituições parceiras, nacionais e internacionais. A pesquisa teve 65 meses de execução, com início em novembro de 2018 até março de 2024.

A pesquisa

A ideia para o trabalho surgiu de uma pesquisa de mestrado de Agnaldo Souza, que desenvolveu a ideia de criar um dispositivo de medição da porosidade óssea de forma não invasiva diferente do dispositivo DEXA, atual método usado no Brasil que usa radiação para fazer o diagnóstico.

O projeto em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolveu um protótipo que pudesse fazer uma triagem com a densidade osteometabólica. Através de pesquisas realizadas pelo Núcleo, constatou-se que o dedo médio da mão não dominante é o que melhor representa o tecido ósseo do indivíduo, a partir daí os pesquisadores desenvolveram várias versões do dispositivo.

OSSEUS_Matéria - Corpo-01
OSSEUS_Matéria – Corpo-01

A versão mais recente do Osseus, conforme ilustrado na imagem, utiliza a teoria das antenas para medir os feixes que atravessam ou não o dedo. De acordo com o coordenador João Paulo, quanto maior o número de raios que conseguem atravessar de um lado para o outro, maior a porosidade do tecido ósseo, indicando uma alta probabilidade da pessoa apresentar uma doença osteometabólica. Por outro lado, quanto menos raios passam, isso sugere que o tecido ósseo é mais saudável, reduzindo as chances de doenças osteometabólicas.

Segundo o professor do IFRN e colaborador da pesquisa, Higor Morais, o Osseus é um trabalho inovador que possui vantagens para o uso na Atenção Primária em Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS): “Existem alguns pontos que são bem importantes e vantagens desse dispositivo, eu destaco uma das primeiras que é a questão da portabilidade. Esse é um equipamento de pouco mais de 30 centímetros, é um equipamento leve, ele não chega a pesar nem 5 quilos, talvez menos do que isso, e ele pode ser, em função dessa sua praticidade, colocado em qualquer ambiente”.

O professor também explicou outra vantagem para o uso do Osseus na APS: o seu baixo custo. “Além do fato da portabilidade do equipamento, ele também é um equipamento de baixo custo quando comparado ao DEXA (atual modelo em uso). O equipamento DEXA, hoje, se você for comprar para colocar no município, ele vai custar algo em torno de 200 a 300 mil reais. Mas esse equipamento aqui (Osseus), você consegue produzir ele em larga escala a um custo da ordem de 3 mil reais”, disse Morais.

Osseus
Osseus

Além da portabilidade e custo benefício, o projeto apresenta outras vantagens para a saúde pública. De acordo com João Paulo, esse tipo de exame não pode ser feito com regularidade com o dispositivo utilizado atualmente, pois o aparelho utiliza raios-x, uma onda radioativa que em excesso pode causar danos à saúde. Osseus utiliza a teoria das antenas e podem ser usados frequentemente pelos pacientes, sem risco de exposição de raios nocivos.

Osseus
Osseus

Impacto Social

O projeto também se destacou pela formação e capacitação de alunos e profissionais de diversas áreas, além de contribuir para a literatura científica. O investimento em educação e treinamento ajudou a garantir a continuidade das inovações na saúde, fortaleceu a soberania nacional e aumentou a competitividade do país. Com a execução completa das metas, o projeto representou um marco no desenvolvimento de dispositivos biomédicos no Brasil, gerando um impacto positivo na saúde pública e na qualidade de vida da população.

Para Higor Morias esse dispositivo possibilita mudar a lógica da política pública de cuidado e saúde para idosos: “Hoje temos um dado que diz que cerca de 1 bilhão de reais são gastos anualmente com problemas decorrentes de traumas devido à ações muito rotineiras. Isso poderia ter sido avisado antes para a família iniciar um tratamento com reforço de vitamina D e outros aspectos como esse, se tivéssemos uma política mais fácil e mais assertiva para essa triagem”- Higor Morais

Mikael Marcos, pesquisador do Núcleo, destacou o impacto da pesquisa nas comunidades e nas regiões do interior: “Durante a coleta de dados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) no interior, muitas pessoas relataram que chegavam a passar de seis a sete horas para realizar o exame.” O equipamento, por ser mais acessível e portátil, tem a capacidade de alcançar áreas com poucos recursos. Mikael acrescentou: “Em vez de passarem tantas horas para realizar o exame, elas podem fazer uma triagem com o Osseus para determinar se realmente precisam desse tempo para o exame completo”.

Abrindo portas

Mikael Marcos, estudante de Engenharia Biomédica e pesquisador do Núcleo, começou na área de pesquisa anos atrás, ainda quando cursava Eletrônica no IFRN. “No terceiro ano do técnico eu desenvolvi um eletrocardiograma portátil como projeto e vi que o estudo de equipamentos na área da saúde era algo que me interessava, a partir disso eu consegui desenvolver novos equipamentos, produtos e possibilidades na área de saúde”, contou.

No Navi, Mikael destacou que têm a oportunidade de criar equipamentos com maior impacto, além de aprender com a vasta experiência dos outros pesquisadores do Núcleo: “O IFRN foi fundamental para abrir portas, desde o curso técnico, e para me introduzir no mundo da pesquisa. Tive o privilégio de contar com professores incríveis que me influenciaram a seguir um caminho sólido nos estudos e na pesquisa científica”, disse.

A partir desse ponto, o estudante ingressou no curso de Engenharia Biomédica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e hoje se dedica à pesquisa, tanto na área de hardware, relacionada à eletrônica, quanto no desenvolvimento de software e algoritmos de inteligência artificial.

Osseus
Osseus

Navi

Criado em 2014, o Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (Navi) é um laboratório voltado para o desenvolvimento de sistemas e tecnologias ligadas à inovação, que tem como objetivo colaborar com o ensino, pesquisa e extensão, tendo como base: desenvolver, propor, implementar, avaliar e aprimorar conhecimento em tecnologia.

Após a conclusão da pesquisa sobre o Osseus, o Navi continua a desenvolver outros projetos inovadores, como a Caneta de Plasma, que aplica tecnologia de plasma na área bucal, e o Fiscaliza SUS, uma ferramenta baseada em inteligência computacional destinada à auditoria no SUS.

Para conhecer outros trabalhos do Núcleo, acesse o site deles.

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