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Crianças migrantes chegam a campo de refugiados na Etiópia
© Foto: Unicef/J. Ose (arquivo)

O mais recente relatório da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alerta para o impacto das alterações climáticas na situação humanitária no continente africano. O documento destaca também os fluxos populacionais relacionados com as alterações do clima, como o agravamento da situação de seca em vários países.

A agência das Nações Unidas antecipa que, até 2050, deve ser registrado o dobro de dias de calor que afetará a maioria dos campos de refugiados no mundo, onde vivem mais de 120 milhões de pessoas. O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, alertou para a “profunda injustiça” que representa a emergência climática e que obriga populações a fugir.

“As comunidades que as acolhem, que são as menos responsáveis pelas emissões de carbono, pagam o preço mais elevado”.

“As soluções estão ao nosso alcance, mas precisamos de medidas urgentes.” Segundo Grandi, sem recursos e apoio adequados, as pessoas afetadas vão ficar num beco sem saída.

O relatório foi divulgado depois de os países participantes da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku no Azerbaijão, terem adotado a regulamentação de regras da ONU para créditos de carbono.

Isto abre caminho para um mercado de carbono e coloca um ponto final na tensão sobre uma medida do Acordo de Paris que frustrou os negociadores climáticos durante quase uma década.

Os mercados de carbono permitem que os países ricos e as empresas paguem aos países pobres para reduzirem as emissões e contabilizarem as poupanças por conta própria.

O presidente da França, Emmanuel Macron; o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz; e presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, estão ausentes da conferência de Baku.

O francês enfrenta uma crise, com a economia francesa dando sinais de alarme, e já se teme uma possível “recessão dramática”. O chanceler alemão enfrenta o fim da coligação de governo e a presidente da Comissão Europeia acompanha as audiências dos comissários nomeados para integrarem o novo Executivo em Bruxelas.

A União Europeia estará representada pelo húngaro Viktor Orbán, que exerce a presidência rotativa do Conselho, Andrzej Duda (Polônia), Pedro Sánchez (Espanha) e Giorgia Meloni (Itália).

Também no Grupo dos 20 países mais ricos (G20) só alguns países estão representados por um chefe de estado ou de governo. Por exemplo, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que deverá assumir um novo compromisso para reduzir os gases com efeito de estufa.

Cerca de 50 mil participantes são esperados durante as duas semanas da COP29, no Estádio Olímpico de Baku, nas margens do Mar Cáspio, onde o Azerbaijão quer expandir a produção de gás natural.

A ajuda financeira climática promete ocupar os delegados noite e dia até 22 de novembro. A verba deverá ser utilizada para construir centrais de energia solar, melhorar a irrigação, construir diques ou ajudar os agricultores a lidar com as secas.

Atualmente com US$ 116 bilhões de dólares por ano (valor estabelecido em 2022), os países pobres pedem que este financiamento aumente mais de dez vezes nos próximos anos. Um pedido que os países ocidentais consideram irrealistas para as suas finanças públicas.

Nesta COP, há uma presença surpreendente. Pela primeira vez desde que tomaram o poder no Afeganistão, em 2021, os taliban participam na COP29. O grupo não é formalmente reconhecido pelos Estados-membros da ONU e não pode participar plenamente nos trabalhos. No entanto, foram convidados pelo Azerbaijão a “participar em discussões periféricas e potencialmente realizar reuniões bilaterais”, adianta a agência de notícias Reuters.

Há décadas que o Afeganistão sofre com a seca e é um dos países mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.

*É proibida a reprodução deste conteúdo

Agência Brasil

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