O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, disse, nesta quarta-feira (4), que vai suspender a declaração de lei marcial que ele mesmo havia imposto poucas horas antes, em um recuo dramático em meio a um impasse com o Parlamento, que rejeitou a tentativa do presidente de proibir a atividade política e censurar a mídia.
Yoon declarou a lei marcial na noite de terça-feira (3) para impedir a ação de “forças antiestatais”. Mas os parlamentares rejeitaram o decreto, na maior crise política da Coreia do Sul em décadas.
Manifestantes reunidos do lado de fora do Parlamento gritaram e bateram palmas depois que Yoon recuou. “Nós vencemos!”, cantavam.
A declaração surpreendente de Yoon sobre a lei marcial, que ele declarou ter como alvo seus adversários políticos, foi rejeitada por unanimidade pelos 190 membros do Parlamento. De acordo com a legislação sul-coreana, o presidente deve suspender imediatamente a lei marcial se o Parlamento exigir isso por maioria de votos. O próprio partido de Yoon pediu que ele revogasse o decreto.
A crise em um país que é uma democracia desde a década de 1980, aliado dos Estados Unidos e uma das principais economias asiáticas, causou alarme internacional.
Mais cedo, o vice-secretário de Estado dos EUA Kurt Campbell disse que os EUA estavam observando os acontecimentos na Coreia do Sul com “grande preocupação” e esperavam que quaisquer disputas políticas fossem resolvidas pacificamente e de acordo com o Estado de Direito.
Após o anúncio de Yoon sobre a lei marcial em um discurso noturno na televisão, os militares disseram que as atividades do Parlamento e dos partidos políticos seriam proibidas e que a mídia e as editoras estariam sob o controle do comando da lei marcial.
Yoon não citou nenhuma ameaça específica da Coreia do Norte, concentrando-se em seus oponentes políticos internos. Essa foi a primeira vez, desde 1980, que a lei marcial foi declarada na Coreia do Sul.
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Agência Brasil