Pela primeira vez desde que o Instituto Datafolha começou a questionar os brasileiros sobre o tema, em abril de 2020, a maioria dos entrevistados se diz a favor da abertura de processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
São 54% a favor da ação pela Câmara dos Deputados, ante 42% que se mostram contrários à iniciativa. Foram ouvidos de forma presencial 2.074 maiores de 16 anos, em todo o país, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Na rodada anterior, realizada em 11 e 12 de maio, os pró-impedimento haviam ultrapassado numericamente os contrários à ideia, mas ainda havia um empate técnico em 49% a 46%. Agora, a diferença aumenta.
É um processo recente, que reflete o adensamento da crise política combinada à tragédia sanitária da pandemia da Covid-19, que ceifou mais de 500 mil vidas. O papel do governo federal no desastre está sendo esmiuçado pela Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado.
Há um rosário de más notícias para o Planalto entre a pesquisa de maio e a atual.
Foram descobertas suspeitas de negociações obscuras de vacinas inexistentes, com denúncia de cobrança de propina como revelou a Folha, e o Bolsonaro virou alvo de inquérito por supostamente ter prevaricado ao citar seu líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), como o líder das irregularidades em questão.
Enquanto isso, houve um superpedido de impeachment no Congresso, jogado para a gaveta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prócer do centrão aliado de Bolsonaro e a pessoa a quem cabe encaminhar ou não o processo. E protestos de rua, ainda mais circunscritos à esquerda, ganharam corpo em três ocasiões.
Folha de S. Paulo