Ciro Nogueira e Arthur Lira, os dois principais líderes do centrão, operam para empurrar Bolsonaro de volta para dentro do quadrado da Constituição. Novo chefe da Casa Civil, Ciro propôs ao presidente a adoção de uma “agenda positiva”. Presidente da Câmara, Lira disse esperar que Bolsonaro cumpra o compromisso de respeitar a decisão da Câmara de sepultar a emenda que instituía o voto impresso.
A sugestão de Ciro foi feita em reunião ministerial ocorrida no gabinete presidencial após a passagem do desfile de blindados defronte do Planalto. A ostentação militar eletrificou a Praça dos Três Poderes horas antes da votação que impôs ao presidente sua mais constrangedora derrota na Câmara.
Bolsonaro precisava de 308 votos para emplacar o voto impresso. Obteve 229. Mais do que o Planalto esperava. Votaram contra, entre governistas e oposicionistas, 218 deputados. Houve uma abstenção. O revés foi potencializado pelo número de ausentes. Nada menos que 65 deputados evaporaram. Em tempos de pandemia, poderiam ter votado à distância, pelo celular. Mas preferiram sumir.
Josias de Souza