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O advogado Francisco Cunha era um dos passageiros do voo da Azul que precisou voltar a Natal após emergência a bordo / Foto: Reprodução/CNN
O advogado Francisco Cunha era um dos passageiros do voo da Azul que precisou voltar a Natal após emergência a bordo / Foto: Reprodução/CNN

O advogado Francisco Cunha, 48 anos, era um dos 166 passageiros que estavam a bordo do voo AD-4001, da Azul, que declarou emergência a bordo pouco depois de decolar de Natal (RN). A aeronave, um Airbus A320, tinha como destino o aeroporto de Confins (MG), mas precisou voltar à capital do Rio Grande do Norte. O caso ocorreu na última segunda-feira (22).

Cunha relata que, logo após a decolagem, o avião fazia um “barulho ensurdecedor”. Ele disse que um passageiro questionou uma aeromoça sobre o ruído. “Ela falou que o barulho estava sendo causado por um problema na borracha de vedação na porta que dá acesso ao compartimento de bagagem da aeronave. Eles falaram que o barulho não afetaria em nada o voo e que o avião estava seguro”, disse o advogado.

O passageiro lembra que, cerca de três minutos após a explicação da comissária, “o barulho aumentou consideravelmente e, de repente, a aeronave começou a mergulhar. Começaram a acender os avisos para atar os cintos de segurança e a aeronave desceu. Aí todo mundo começou a entrar em pânico. Foi um pânico generalizado lá dentro, pessoas chorando, gente rezando. Pânico, mesmo.”

Durante esse procedimento, lembra Cunha, o piloto deu um aviso sonoro à cabine no qual disse somente: “Descida rápida”. “Uns dois minutos depois, ele deu um aviso dizendo: ‘tripulação, estamos em altura de segurança’.”

“A sensação, para quem estava dentro, era de que o avião estava caindo. Porque é uma descida muito rápida e muito forte”, conta.

Segundo Cunha, os passageiros já estavam tensos desde o momento da decolagem, por causa do barulho que a aeronave fazia. Ele diz que o ruído era tão alto que mal era possível conversar ou ouvir música no fone de ouvido. “O barulho era insuportável. Imagina ficar três horas com esse barulhão em cima de você. Um barulho assustador.”

Como foi o voo

De acordo com informações do site de monitoramento Flightradar24, o Airbus A320 que fazia o voo, cujo prefixo era PR-YYH, decolou de Natal às 2h36, pelo horário de Brasília.

Pouco depois de sair do solo, o piloto declarou o código “mayday” à torre de controle. Conforme o dicionário de termos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a palavra “mayday”, quando anunciada três vezes repedidas –como ocorreu no voo AD-4001– “indica perigo grave e iminente, e que a aeronave necessita de assistência imediata”.

Às 2h59, após o piloto declarar emergência, o comandante do voo iniciou uma manobra para reduzir a altitude, descendo de 36.400 pés (11.094 metros) para 26.450 pés (8.061 metros) em cerca de três minutos.

Cinco minutos depois, o avião estava a 10 mil pés (3.048 metros). Quando a aeronave sobrevoava o estado de Pernambuco, iniciou uma curva à direita para retornar a Natal. Durante todo o trajeto de volta ao aeroporto de origem, a altitude foi mantida em 10 mil pés.

Segundo uma cartilha publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), os indivíduos considerados como saudáveis conseguem respirar em uma altitude de até 10 mil pés sem “necessidade de suplementar oxigênio”.

O Airbus A320 aterrissou em Natal às 3h46 –cerca de 50 minutos após ter decolado.

Passageiro critica assistência em solo

Francisco Cunha critica a assistência prestada pela companhia aos passageiros depois de a aeronave ter retornado a Natal. “Só tinha um rapaz e uma moça em solo para atender os 166 passageiros. Eles falaram que não tinham como dar assistência para todo mundo e aí começou aquele burburinho.”

Cunha, que estava voltando de uma viagem de férias com a mulher e os dois filhos, conta que teve de fazer uma “saga” para conseguir retornar a Belo Horizonte, onde mora.

De Natal, eles tiveram de voar para Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e, de lá, para o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). De lá, eles conseguiram um voo para Belo Horizonte, que só chegou na madrugada de ontem para hoje.

“Nossa saga começou na madrugada de segunda, às 2 horas da manhã, e terminou à meia-noite. Mas teve gente que ainda não conseguiu voltar”, diz o advogado. “Meus meninos dormiram no chão do aeroporto. Foi bem desagradável a experiência.”

O que diz a companhia

Procurada pela CNN, a Azul enviou a mesma nota que já havia sido emitida no dia 22. A companhia não falou sobre os supostos problemas com o bagageiro da aeronave e não comentou as críticas feitas pelo passageiro.

A empresa disse apenas que “por questões técnicas identificadas após a decolagem, o voo AD4001 (Natal-Confins), realizado ontem (22), precisou voltar ao aeroporto de origem”.

“O pouso aconteceu em segurança e os Clientes desembarcaram normalmente. A companhia ressalta que os Clientes estão recebendo toda assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e serão reacomodados em outros voos. A Azul lamenta eventuais transtornos causados e reforça que ações como essa são necessárias para garantir a segurança de suas operações”, finaliza a companhia.

Com informações da CNN Brasil

AgoraRN

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