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Spanish farmers gather near the Ministry of Agriculture during a protest over price pressures, taxes and green regulation, grievances shared by farmers across Europe, in Madrid, Spain, February 21, 2024. REUTERS/Juan Medina
© Reuters/JUAN MEDINA

Milhares de pessoas, ao lado de centenas de tratores, fazem nesta quarta-feira (21) manifestação nas ruas do centro de Madri contra políticas europeias para a agricultura, com críticas também ao governo da Espanha. O protesto é o maior já registrado em Madri.

Segundo as autoridades, foi permitida a entrada no centro da capital de 500 tratores, que desde o início da manhã se dirigiram para a cidade em cinco comboios procedentes de diversas regiões.

O ponto de encontro dos tratores foi a Porta de Alcalá, um dos símbolos de Madri e onde também, desde o início da manhã, foram se concentrando agricultores, que chegaram em ônibus.

Com coletes amarelos refletores, chocalhos, apitos, vuvuzelas, bandeiras da Espanha e cartazes, os agricultores criticam “a asfixia” dos regulamentos europeus e o que consideram passividade do governo espanhol diante da burocracia e das regras a que estão sujeitos.

“Anistia para o campo, não burocracia”, “Não somos a Espanha esvaziada, somos a Espanha abandonada”, “Se o campo não produz, a cidade não come”, lê-se em alguns dos cartazes e faixas mostradas pelos agricultores ou colocados nos tratores.

Segundo a convocatória da manifestação, permitida pelas autoridades, tratores e agricultores a pé farão no início da tarde uma marcha até o Ministério da Agricultura, na rotunda de Atocha, onde também de concentram centenas de pessoas. 

A rotunda da Porta de Alcalá está ocupada, desde o início da manhã, pelos manifestantes, e a Câmara Municipal de Madri informou que há complicações com o trânsito e os transportes públicos no centro da cidade por causa do protesto, incluindo 127 linhas de ônibus com problemas ou suspensas.

A manifestação foi convocada pela associação União de Uniões, que acusou as autoridades de terem vetado o acesso a Madri de pelo menos 800 tratores porque havia 1.500 veículos preparados para participar do protesto.

A Delegação do Governo (entidade responsável por autorizar e organizar os dispositivos de segurança das manifestações) disse, em comunicado, que foram impedidos de entrar 150 tratores que excediam os 500 que constavam na convocatória do protesto.

Os agricultores espanhóis, a exemplo do que ocorre em outros países da União Europeia, estão protestando nas ruas todos os dias, desde 6 de fevereiro.

As manifestações em diversos pontos da Espanha são convocadas pelas associações de agricultores e informalmente nas redes sociais.

O ministro da Agricultura, Luis Planas, disse que o governo espanhol respeita o direito à manifestação dos agricultores e espera que a ação ocorra com normalidade e sem incidentes.

Na semana passada, o Executivo apresentou um pacote de 18 medidas para responder às reivindicações dos agricultores, mas as confederações do setor decidiram manter os protestos que já tinham agendado, apesar de reconhecerem “avanços importantes”.

As 18 medidas e propostas foram apresentadas pelo ministro Luis Planas, que admitiu que boa parte é de competência da UE e, por isso, o compromisso é propô-las e defendê-las em Bruxelas.

Entre as propostas que Espanha defenderá nas instâncias europeias estão várias para flexibilização de regras da Política Agrícola Comum (PAC), a simplificação de procedimentos e diminuição de burocracia e mais exigências para produtos importados do exterior, as designadas “cláusulas espelho” (impor às importações as mesmas regras de produção de dentro dos Estados-membros).

A Espanha é o primeiro exportador da UE de frutas e legumes.

Os agricultores europeus, incluindo os de Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da PAC e mais apoios ao setor.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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