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Refinaria da Petrobras em Cubatão / Foto: REUTERS/Paulo Whitaker

Há pouco mais de um ano e dois meses à frente da Petrobras, Jean Paul Prates pode deixar a estatal nos próximos dias e reforçar tendência de interrupção precoce de gestões à frente da companhia. Historicamente, a política aparece entre principais razões de “fritura” — caso do petista.

Levantamento da CNN mostra que num período de 37 anos, entre o início do governo de José Sarney (em março 1985) e o fim da gestão de Jair Bolsonaro (em dezembro de 2022), 24 nomes ocuparam a presidência Petrobras. Com isso, a média de permanência fica em um ano e seis meses.

Em apenas dois casos um nome permaneceu à frente da estatal por todo um mandato presidencial: Joel Rennó comandou a estatal de 1992 a 1999, em toda gestão de Itamar Franco e nos primeiros quatro anos de Fernando Henrique Cardoso. Sergio Gabrielli, chefe de 2005 a 2012, esteve no segundo mandato de Lula e no início da gestão Dilma Rousseff.

Exceções, Gabrielli e Rennó somam 12 anos e nove meses de cadeira e puxam a média para cima. Em um cálculo que desconsidera os dois “pontos fora da curva”, os presidentes da Petrobras ficam um ano e um mês no cargo em média.

O tempo médio de permanência é puxado para baixo por casos como o de José Coutinho Barbora, que ficou 16 dias no cargo, interinamente, durante o segundo governo de FHC, ou por José Mauro Ferreira Coelho, que foi sacado por Jair Bolsonaro 68 dias após assumir a cadeira — por pressão política.

A média da Petrobras fica abaixo de outras grandes estatais, por exemplo, da Eletrobras, cujos presidentes ficaram no cargo em média dois anos e dois meses até sua privatização em 2022. Também está abaixo de instituições financeiras como o Banco do Brasil (um ano e dez meses) e a Caixa Econômica Federal (um ano e oito meses).

A exceção é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também teve 24 presidentes neste período e, portanto, aparece empatada com a Petrobras. Por coincidência, Aloizio Mercadante, atual presidente da instituição, é cotado para substituir Prates e pode deixar o Banco.

Fritura política

A principal razão para a possível saída de Prates é a fritura política que o executivo sofre no cargo, especialmente em embates com Ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. A política para gás natural, os preços de combustíveis e a distribuição de dividendos estiveram entre os temas dos desgastes.

A fritura política é uma tônica histórica das interrupções de mandato — inclusive na gestão imediatamente anterior. Três dos nomes que comandaram a companhia durante o governo Bolsonaro, Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e José Mauro deixaram o cargo por desgastes com o governo por conta de preços de combustíveis.

Pedro Parente, que foi presidente da companhia durante a gestão Michel Temer, pediu demissão dois anos após assumir o cargo. A saída foi motivada num momento — de pressão política — em que preços de combustíveis dispararam e se tornaram pivôs em greves de caminhoneiros e petroleiros.

Mesmo Joel Rennó, um dos mais longevos à frente da companhia, era rejeitado por alas do PSDB de FHC e foi alvo de sucessivas acusações de irregularidades e boatos de demissões durante seu período à frente da companhia — o que influenciou seu pedido de demissão em 1999.

Com informações da CNN Brasil

AgoraRN

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