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Criança carrega água no Congo
01/12/2018.  REUTERS/Goran Tomasevic/File Photo
© REUTERS/Goran Tomasevic

Metade dos 75 países mais pobres do mundo está enfrentando um aumento da diferença de renda com as economias mais ricas pela primeira vez neste século, em uma reversão histórica do desenvolvimento, disse o Banco Mundial em relatório divulgado nesta segunda-feira.(15),

A diferença entre o crescimento da renda per capita nos países mais pobres e nos mais ricos aumentou nos últimos cinco anos, de acordo com o relatório.

“Pela primeira vez, vemos que não há convergência. Eles estão ficando mais pobres”, disse à Reuters Ayhan Kose, vice-economista-chefe do Banco Mundial e um dos autores do relatório.

“Vemos uma regressão estrutural muito séria, uma reversão no mundo, é por isso que estamos soando o alarme aqui”, disse ele.

O relatório afirma que os 75 países elegíveis para doações e empréstimos a juros zero da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA, na sigla em inglês) do Banco Mundial correm o risco de perder uma década de desenvolvimento sem mudanças ambiciosas nas políticas e ajuda internacional significativa.

Kose disse que o crescimento em muitos países da IDA já havia começado a diminuir antes da pandemia de covid-19, mas seria de apenas 3,4% em 2020-2024, o crescimento mais fraco em cinco anos desde o início da década de 1990. A invasão da Ucrânia pela Rússia, as mudanças climáticas, o aumento da violência e os conflitos também pesaram muito nesse cenário.

Mais da metade de todos os países da IDA estão na África Subsaariana, 14 estão no Leste Asiático e oito estão na América Latina e no Caribe. Trinta e um têm renda per capita de menos de US$ 1.315 por ano. Entre eles estão a República Democrática do Congo, o Afeganistão e o Haiti.

Um em cada três países da IDA é mais pobre agora do que na véspera da pandemia. Os países da IDA representam 92% da população mundial que não tem acesso a quantidade suficiente de alimentos nutritivos e a preços acessíveis. Metade dos países está com problemas de endividamento, o que significa que não conseguem pagar o serviço da dívida ou correm alto risco de não conseguir.

Apesar de suas populações jovens – vantagem demográfica em uma época em que as populações estão envelhecendo em quase todos os outros países -, de seus ricos recursos naturais e abundante potencial de energia solar, os bancos privados e governamentais estão se afastando deles.

Kose disse ainda que são necessárias políticas ambiciosas para acelerar o investimento, incluindo esforços domésticos para fortalecer as políticas fiscal, monetária e financeira, e reformas estruturais para melhorar a educação e aumentar as receitas domésticas.

Um apoio financeiro significativo da comunidade global também é essencial para progredir e reduzir o risco de estagnação prolongada, lembrou Kose, observando que o Banco Mundial espera obter reposição robusta dos fundos da IDA até dezembro.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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